Brasil deve ampliar espaço na receita da italiana Stevanato

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Por Marcos de Moura de Souza.

Um dos principais fornecedores mundiais de frascos de vidro para a indústria farmacêutica, o grupo italiano Stevanato prevê que o Brasil passe de 20% da receita gerada na América Latina para 50%. A expansão virá com o início da operação de sua primeira fábrica no país, em Sete Lagoas (MG). A empresa abastecia o mercado brasileiro com produtos fabricados na unidade do México. Com investimento de € 30 milhões (R$ 115 milhões) de recursos próprios, a nova fábrica começou a funcionar em agosto e até o fim de 2018 deverá atingir a capacidade de produção de 300 milhões de peças.

Essa é quinta fábrica da família Stevanato. As outras estão na Itália, Eslováquia, China e México. Em 2016, o grupo faturou € 458 milhões. Comparado com 2015, o valor representou um incremento de 35%. “Nosso investimento no Brasil é de médio e longo prazo e é um dos mais importantes investimentos italianos no Brasil nestes anos.

A indústria farmacêutica continua crescendo aqui, vai crescer mais e as previsões apontam que em 2019 o país será o quinto maior mercado farmacêutico do mundo”, disse ao Valor Marco Stevanato, de 44 anos, vice-presidente do Stevanato Group, que esteve ontem na cidade para inauguração da fábrica. A família Stevanato é de Veneza, região com tradição na indústria de do vidro. Giovanni Stevanato, avô de Marco, ganhou a vida como soprador de vidro, fazendo frascos para alimentos. Montou um negócio 1949 que se expandiu e se internacionalizou.

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A empresa se apresenta hoje como líder mundial na fabricação de um tipo de cartucho para armazenar doses de insulina e anestésicos dentais. Ela também produz ampolas e frascos de remédio. O pai de Marco, Sergio Stevanato, de 74 anos, preside o grupo. Franco Stevanato, de 43 anos, irmão de Marco, é o CEO. Além de embalagens, a Stevanato fabrica de um tipo de máquina usada na linha de produção, tanto para suas fábricas como para outras companhias. Acostumada a lidar com burocracia em outros países onde já tem produção, a família se deparou com um desafio particular no Brasil: as repetidas paralisações de funcionários alfandegários. Isso criou dificuldades e atrasos na chegada de partes das máquinas usadas em Sete Lagoas.

De qualquer forma, a fábrica ficou pronta e entrou em operação num prazo considerado curto. A construção começou entre maio e junho de 2016. O insumo principal, o vidro, vem da multinacional alemã da Schott; da japonesa Neg; ou da americana Corning. Os números do Brasil são mantidos em segredo. Mas Marco prevê que as vendas mais do que dobrem até o fim de 2018 e que passem a representar 50% das vendas para América do Sul, em valores, e 75% em volume. Um importante concorrente do grupo italiano o mercado de frascos é ao mesmo tempo seu fornecedor de matéria-prima.

A alemã Schott tem fábricas produzindo no Brasil. A americana Corning é outro grande fabricante. O grupo italiano se coloca como um dos três maiores do setor. A escolha da multinacional por Minas Gerais tem relação com a concentração de laboratórios que são clientes e outros potenciais compradores que já encomendaram amostras na região. Novo Nordisk, Hipolabor, Hypofarma, todas com fábricas em Minas Gerais, e Fresenius, de São Paulo, são alguns dos exemplos citados por Marco.

No terreno em Sete Lagoas, adquirido pelo grupo, chega uma linha de abastecimento de gás da Gasmig, a distribuidora de Minas. O insumo é usado para alimentar o maquinário que derrete, modela e corta os vidros. Marco diz que o investimento no Brasil foi feito na hora certa e que o grupo não reavaliou seus planos em função da recessão. Insiste que a visão da empresa é de longo prazo e no crescente mercado de saúde local. Quanto ao clima de possível volatilidade em razão das eleições do próximo ano, o empresário diz, bem-humorado: “Estamos acostumados com isso na Itália.”

Fonte: Valor Econômico

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