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A história da Boehringer Ingelheim se iniciou em 1885, na Alemanha. Seu nome está ligado ao fundador da companhia, Albert Boehringer, e Ingelheim, cidade que até hoje é a sede da matriz corporativa. A empresa inicialmente produzia ácidos em escala industrial e em pouco tempo passou a investir no setor farmacêutico.

Após mais de 130 anos, a empresa familiar se tornou uma das 20 maiores farmacêuticas do mundo e conta com cerca de 50 mil funcionários ao redor do globo atuando nos três principais segmentos da empresa: saúde humana, saúde animal e fabricação de biofármacos.

Em 2017, a companhia registrou quase € 18,1 bilhões em vendas líquidas. Michael Schmelmer, CFO global da Boehringer Ingelheim, comemora o resultado. “Nós estamos muitos satisfeitos com as vendas totais, nas quais a unidade de saúde humana contribuiu com € 12,6 bilhões e a saúde animal com € 3,9 bilhões”, detalha.

Para que esse crescimento continue, a empresa dedica grandes investimentos à pesquisa. “Investimos € 3,1 bilhões em pesquisa e desenvolvimento e nos comprometemos a investir mais € 20 bilhões até 2025”, diz o CFO. Além disso, para reforçar a forte presença em produção biofarmacêutica, a Boehringer Ingelheim está destinando cerca de € 700 milhões a uma nova planta, em Viena, Áustria. No Brasil, a Boehringer Ingelheim possui escritórios em São Paulo e Campinas, e fábricas em Itapecerica da Serra e Paulínia.

Nesta entrevista exclusiva à revista AméricaEconomia Brasil, o executivo fala sobre a forte investida da companhia no segmento de saúde animal após a fusão com a Merial, em 2017, e destaca o Brasil como mercado-chave na região latino-americana. Schmelmer também explica como funciona a nova plataforma de colaboração em pesquisa científica e destaca as recentes principais parcerias com universidades e centros de pesquisa – parte importante da estratégia da companhia.

AméricaEconomia – O fundador da Boehringer Ingelheim foi um dos pioneiros do que viria a ser a biotecnologia, e acredito que esse deva ser um norte da empresa. Como as inovações e a biotecnologia têm impulsionado o setor de saúde humana e animal?
Michael Schmelmer – 
Um exemplo foi a criação de um centro de biotecnologia da empresa em Biberach, na Alemanha, em 1986. O primeiro produto, Actilyse, originalmente licenciado pela Genentech, para dissolver coágulos de sangue em pacientes com acidente vascular cerebral (AVC), começou a ser produzido, e continua sendo, nessa fábrica. Além disso, nós estamos focados em novas entidades biológicas (NBEs, na sigla em inglês) em nosso pipeline de pesquisa e desenvolvimento.

Nossa produção biofarmacêutica para outras companhias está evoluindo, com vendas líquidas de € 678 milhões em 2017. Para reforçar nossa forte presença em produção biofarmacêutica, estamos investindo cerca de € 700 milhões em uma nova planta em Viena, Áustria.

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Michael Schmelmer, CFO global da Boehringer Ingelheim. Foto: Reuter

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AE – A companhia tem apostado fortemente no mercado de saúde animal, após a fusão com a Merial em 2017. O objetivo é que esse segmento represente mais de 25% do faturamento total. Como essa área tem caminhado desde então?
MS – 
Em 2017, a unidade de saúde animal chegou aos € 3,9 bilhões. Comparando isso ao total de vendas da companhia, que atingiu os € 18,1 bilhões, estamos próximos dessa meta. E estamos apenas começando a alavancar o melhor das duas companhias, tornando-as uma só.

AE – A empresa está há sessenta anos no Brasil. Com a forte investida da companhia em saúde animal, como a empresa enxerga o país como mercado nesse segmento, uma vez que por aqui o agronegócio é de extrema importância?
MS – 
O Brasil é um mercado-chave para os negócios de saúde animal da Boehringer. Nós já temos uma das nossas operações comerciais e industriais mais importantes aqui no país. Além disso, também temos capacidade para pesquisa. Atualmente, estamos investindo na expansão de nossas fábricas e no tamanho de nossos times comerciais para aprimorar os nossos serviços e nos aproximarmos dos produtores de animais, veterinários e donos de animais de estimação.

Queremos crescer no Brasil e com o Brasil. Existem muitas oportunidades em saúde animal para aumentar o valor dos setores de proteína animal e cuidados com os animais, ajudando nossos clientes a obter sucesso, especialmente na prevenção de doenças, onde a companhia é líder global em vacinas e parasiticidas.

“Já temos uma de nossas operações comerciais e industriais mais importantes no Brasil. Estamos investindo na expansão das fábricas e no tamanho dos times para aprimorar nossos serviços e nos aproximarmos mais dos produtores e dos donos de animais de estimação”

AE – O complexo industrial de Paulínia, em São Paulo, tem a mais moderna fábrica de vacinas contra febre aftosa da América Latina, com a mais alta tecnologia de produção disponível no mundo. Quais os mercados que essa planta deve atender? Exportações também estão nos planos?
MS – 
Paulínia faz parte de nossa rede de fábricas globais. Já foi polo de exportação e continua exportando nos dias de hoje. O novo local de fabricação do medicamento contra a febre aftosa foi construído para continuar a exportação no futuro. Atualmente, nós exportamos vacinas contra febre aftosa para outros mercados da América Latina. A fábrica de Paulínia produz várias de nossas mais importantes marcas globais, incluindo Nexgard e Ivomec, que abastecem o mundo todo.

AE – Na América Latina, quais são os mercados que mais se destacam, tanto em saúde animal quanto em saúde humana?
MS – 
A Boehringer Ingelheim é ativa em todos os mercados da América Latina. Nossa unidade operacional para saúde humana está localizada em Buenos Aires e é responsável por todos os países de língua hispânica da América Latina. O México tem uma unidade operacional e uma planta separadas, sendo responsável por países menores na América Central.

Em saúde animal, também estamos presentes nos mercados latino-americanos. Em nossas operações, Brasil, México e Argentina são os países líderes em venda e tamanho. No Brasil e no México, temos uma importante capacidade de pesquisa e fabricação, com a planta de Paulínia, no Brasil, que é uma das mais importantes da nossa rede global.

AE – Recentemente, a empresa lançou uma plataforma inédita que oferece livre acesso de pesquisadores a algumas de suas moléculas, o opnMe.com, a fim de acelerar a pesquisa científica. Como isso pode ajudar no processo de pesquisas em biomedicina?


MS – No nosso portal (www.opnme.com), começamos a disponibilizar há alguns meses livre acesso a moléculas pré-clínicas selecionadas para cientistas de todo o mundo realizarem pesquisas não-clínicas com o intuito de avançar em descobertas científicas.  Nós oferecemos outras moléculas exclusivamente para cientistas que têm a intenção de usá-las em parceria com pesquisadores da Boehringer Ingelheim no estudo e desenvolvimento de novas hipóteses de tratamento.

Já recebemos cerca de 350 pedidos para as 20 moléculas em apenas quatro meses. Os pesquisadores precisam concordar em usar as moléculas respeitando certas regulações éticas e legais. Fora isso, possuem total liberdade para conduzir suas pesquisas. Eles também têm propriedade sobre os resultados baseados na molécula.
É diferente para as duas moléculas que oferecemos, até agora, para projetos de colaboração. Aqui o objetivo é fazer um contrato de parceria com cientistas externos e seguir com o projeto em conjunto. Essa abordagem já gerou resultados promissores. Para o primeiro dos dois projetos, duas parcerias estão em andamento no campo das doenças infecciosas e respiratórias. É possível que tenhamos o desenvolvimento de mais projetos num futuro próximo.

Fazemos uma forte divulgação do portal em nossos canais digitais. Isso permite que pesquisadores do mundo todo possam entrar em contato conosco e trabalhar com nossas moléculas.


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Companhia é líder global em vacinas e parasiticidas. Foto: 123RF

AE – Existem outras iniciativas da empresa, assim como o opnMe.com, de pesquisa compartilhada?
MS – 
Não como essa, mas temos projetos com abordagens diferentes. Por exemplo, estamos engajados com crowdsourcing para questões científicas complexas com pesquisadores de vários lugares do mundo. Além disso, trabalhamos com startups, em incubadoras, na Alemanha e na França, para unir P&D com soluções digitais.

AE – Ainda no que diz respeito aos processos de P&D, a companhia mantém parcerias com universidades, institutos científicos e empresas de biotecnologia?
MS – 
Sim. Parcerias são uma parte importante da nossa estratégia, pois geram descobertas e desenvolvimento de medicamentos importantes. Inovações externas, em todas as fases de pesquisa e desenvolvimento, têm feito uma importante e valiosa contribuição para nossa companhia.

Nosso escopo estratégico se baseia na concentração de nossos recursos em doenças que atualmente são difíceis de tratar ou não possuem tratamento e na identificação e exploração de novas terapias e tecnologias.

AE – Quais são os principais destaques das últimas parcerias?
MS – 
Temos a parceria com a Dicerna para descobrir e desenvolver uma nova interferência terapêutica RNA para o tratamento de doenças crônicas do fígado; a busca de novas terapias para o Sistema Nervoso Central com autofonia com o objetivo de acelerar o progresso em novos medicamentos em áreas médicas de extrema necessidade; a colaboração com a MiNA Therapeutics para desenvolver novos compostos para tratar doenças hepáticas fibróticas; a parceria com Siamab para desenvolver anticorpos para terapias alvo para tumores sólidos; e a colaboração com a Gubra para identificar e desenvolver novos compostos peptídicos para o tratamento da obesidade.

AE – Quais foram os principais destaques dos negócios no ano de 2017 para a Boehringer Ingelheim?
MS – 
Estamos muitos satisfeitos com as vendas totais de € 18,1 bilhões, para as quais a unidade de saúde humana contribuiu com € 12,6 bilhões e a saúde animal com € 3,9 bilhões. Seis de nossos produtos atingiram o status de melhor em vendas em dólares (Spiriva, Pradaxa, Jardiance, Família Trayenta, Família Micardis e Ofev). Investimos € 3,1 bilhões em P&D e nos comprometemos a investir mais € 20 bilhões até 2025.

AE – Quais foram os resultados financeiros de 2017 da empresa no Brasil?
MS – 
Alcançamos o resultado de mais de € 400 milhões em vendas no Brasil em 2017. Os produtos mais vendidos são Spiriva, Jardiance, Trayenta, Micardis e Pradaxa.

AE – Quais as perspectivas para 2018 para a empresa em âmbito global?
MS – 
Nossa expectativa para 2018 é chegar a resultados interessantes por meio dos estudos clínicos e, para os próximos dois a três anos, alcançar novos tratamentos em mesotelioma [câncer causado por asbesto], esclerose sistêmica, doença pulmonar intersticial, insuficiência renal crônica e insuficiência cardíaca.

AE – Quais as expectativas para a empresa no Brasil, levando em consideração a situação da economia e também a incerteza no campo político?
MS – 
Em termos de vendas, tivemos um crescimento modesto comparado a 2017. Com relação ao Brasil, sabemos que o país está voltando a crescer após um período de recessão e, por isso, a contenção de custos é uma prioridade para o governo, o que significa que remédios genéricos estão amplamente disponíveis e a compra de medicamentos mais avançados oferece alguns desafios para o sistema.

Fonte: Brasil América Economia

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