BONECO LEGO QUE REPRESENTA UMA CIENTISTA (FOTO: FLICKR / STAVOS)
Ainda assim, 74% da população nacional julga que a nação está ficando para trás em avanços científicos – para a maioria (42%), a causa está no financiamento inadequado para a pesquisa científica
POR REDAÇÃO GALILEU
é na ciência os brasileiros têm de sobra – o que lhes falta mesmo são recursos financeiros para avançar na área. Essa é a conclusão de estudo realizado pelo grupo norte-americano 3M em parceria com o Instituto Ipsos sobre a percepção da população mundial a respeito da ciência.
A pesquisa foi realizada entre junho a agosto de 2017 com mais de 14 mil adultos de 14 diferentes países desenvolvidos (Canadá, França, Alemanha, Japão, Singapura, Reino Unidos e Estados Unidos) e emergentes (Brasil, China, Índia, México, Polônia, Arábia Saudita e África do Sul). De todos esses países, foi no Brasil que o otimismo em relação à ciência apareceu mais forte.
Ao escutar a palavra “ciência”, os brasileiros revelaram se sentir esperançosos (94%) e fascinados (88%). Eles também acreditam que a ciência impulsiona a inovação (90%) e que o mundo é um lugar melhor graças aos avanços na área (85%).
Essa confiança se estende para o futuro: grande parte dos brasileiros acreditam que presenciarão a cura do câncer (76%) e que os melhores dias da ciência ainda estão por vir (66%) – tem gente também que pensa que irá pilotar carros voadores nessa vida (51%).
Nesse quesito de crença para com a ciência, os brasileiros estão muito à frente da média global. Enquanto 83% deles pensam que a ciência é muito importante para a sociedade e 72% dizem que ela é fundamental para a vida cotidiana, no resto do mundo, as porcentagens são de 63% e 46%, respectivamente.
Mas quando a opção para o jantar passava a ser a cantora Ivete Sangalo, 58% dos brasileiros elegeram a artista ao invés da cientista Celina Turchi, pesquisadora que descobriu a relação entre Zika e microcefalia.
No entanto, apesar de toda essa crença, os cidadãos nacionais não veem o país como um líder em avanços na área. Para 74% dos brasileiros entrevistados, o Brasil está ficando para trás na ciência – para a maioria dos entrevistadis (42%), a causa disso é o financiamento inadequado para a pesquisa científica que existe no país.
Ceticismo mundial
Já no cenário global, apesar de 87% dos cidadãos caracterizarem a ciência como fascinante, 38% deles acreditam que a vida cotidiana não seria muito diferente se a ciência não existisse. O ceticismo em relação à área atinge 32% da população mundial – e 20% afirma não confiar em cientistas.
Para outros, a área é intimidante: cerca de 36% da população mundial enxerga a ciência como algo acessível apenas para gênios.
A ASTRONAUTA, MÉDICA, EMPREENDEDORA MAE JEMISON NO ESPAÇO (FOTO: WIKIMEDIA COMMONS)
Mulheres na ciência
A questão de gênero também foi abordada durante o estudo. Conforme avaliado durante a pesquisa, as mulheres estão menos envolvidas e interessadas na ciência do que os homens. Elas são mais propensas a dizer que não sabem nada sobre ciência do que eles (21% contra 15%) e significativamente tendem menos a acreditar que uma carreira em engenharia seria satisfatória (9% contra 25%). No entanto, as mulheres estão mais interessadas do que os homens em medicina (20% contra 14%) e ciências da vida (15% contra 10%).
Crianças do futuro
Céticos ou não, a maior parte dos adultos entrevistados estão alinhados sobre a importância da ciência para a infância: 82% deles disseram que encorajariam crianças a prosseguir uma carreira científica; 92% deles querem que seus filhos saibam mais sobre a área; e 33% pensam que os alunos precisam de uma melhor compreensão de como a ciência melhora o mundo para inspirá-los a prosseguir uma carreira nesta área.
Vale ressaltar que 46% dos entrevistados dizem se arrepender de não terem escolhido uma carreira científica.
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Em termos gerais, o estudo averiguou que a expectativa sobre os avanços científicos é alta. Os entrevistados acreditam que durante a vida ainda verão robôs em todos os locais de trabalho (64%) e em cada casa (55%), além de carros voadores (51%). Também há expectativas de habitarem Marte (35%).
As pessoas também apresentaram uma visão otimista de que a ciência pode resolver desafios relacionados à disponibilidade de energia renovável com um preço acessível (75%), ao fornecimento de energia (74%) e de resolver os desafios relacionados ao tratamento de doenças (75%) e de água limpa e saneamento (73%).
As visões mais otimistas, em maior parte, apareceram entre as populações de países emergentes."Grandes avanços científicos são fruto de múltiplas descobertas ao longo dos anos de trabalho", afirma diretor global de tecnologia da 3M em comunicado à imprensa. "Para garantir um futuro melhor, precisamos estar atentos para ajudar as pessoas a entender todas as incríveis oportunidades e inovações que a ciência nos trouxe, bem como a dedicação, disciplina e investimento necessários para alcançar esses resultados".
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