O medicamento adalimumabe será produzido integralmente no Brasil, beneficiando 30 mil pessoas por ano
Nesta sexta (18), o Instituto Butantan e a farmacêutica Sandoz do Brasil fecharam um contrato com o Ministério da Saúde para a venda de 398 mil unidades do medicamento adalimumabe, que serão distribuídas para sete estados por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). A primeira entrega, composta por 177 mil seringas, será feita até dezembro; as demais unidades serão entregues até maio de 2023. O adalimumabe é um fármaco de ponta recomendado para o tratamento de doenças inflamatórias crônicas autoimunes, como artrite reumatoide, espondiloartrite e psoríase, além de doenças do trato gastrointestinal, como doença de Crohn e colite.
A entrega é resultado de um acordo de Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) firmado no final de 2021 entre as instituições. A transferência de tecnologia da Sandoz para o Butantan permitirá que a produção do adalimumabe seja feita totalmente em território nacional, em fábrica própria do instituto, acelerando a logística de distribuição nos estabelecimentos públicos de saúde. Cerca de 30 mil pessoas poderão ser beneficiadas anualmente pelo medicamento.
“As principais vantagens desse acordo são a garantia de abastecimento, evitando o risco de interrupção do tratamento de pacientes com doenças crônicas; a estabilidade do preço, que é pré-definido; a aquisição de tecnologias e desenvolvimento de competências técnicas e a criação de empregos”, explica o diretor de negócios do Butantan, Hubert Guarino.
Nesse momento, o Butantan será responsável pelo planejamento e gestão das operações. A transferência de tecnologia levará até 10 anos, começando pela capacitação na produção do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), com duração de quatro anos, e seguindo para a etapa de formulação e envase – que, em conjunto com o estudo de estabilidade do IFA e do registro do produto pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), deve durar mais cinco anos.
Anticorpos monoclonais
O adalimumabe é composto por anticorpos monoclonais, reconhecidos mundialmente como uma das fronteiras da biotecnologia para o tratamento de doenças. A tecnologia consiste na multiplicação, em laboratório, de anticorpos com alvos específicos (denominados antígenos). Os anticorpos são proteínas produzidas pelo sistema imune para identificar e eliminar agentes invasores, como vírus, bactérias e células tumorais. Por ser um tratamento direcionado, envolve muito menos efeitos adversos do que terapias convencionais.
O Butantan tem outros acordos em processo de negociação para a produção de anticorpos monoclonais destinados a outras doenças, como leucemia, câncer de mama e doenças respiratórias. “A perspectiva é que o Butantan se torne um dos principais produtores de anticorpos monoclonais no Brasil nos próximos anos”, afirma Hubert.
Estrutura avançada e sustentável
O fármaco será produzido na fábrica de anticorpos monoclonais do Butantan, que foi concluída em 2020 após um investimento de R$ 160 milhões. Com equipamentos de última geração em uma área de mais de 5 mil metros quadrados, a planta será capaz de produzir medicamentos de alto custo para câncer e doenças autoimunes.
A instalação possui biorreatores feitos com bolsas descartáveis single use (uso único, em português), em vez de aço inox, onde ocorre o cultivo das células e a produção dos monoclonais. Isso possibilita a produção de vários tipos de anticorpos na mesma fábrica, sem a necessidade de operações de descontaminação e limpeza, além de contribuir para a economia de água. Essa tecnologia inovadora também permitiu que a estrutura fosse construída rapidamente, em apenas 18 meses.
Fonte Butantan
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