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Anvisa aprova imunoterapia associada a um antiangiogênico e quimioterapia para pacientes com tumor avançado

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso da imunoterapia atezolizumabe e do antiangiogênico bevacizumabe, ambos da Roche, associadas a quimioterapia para a primeira linha de tratamento em pacientes com tumor de pulmão do tipo não pequenas células metastático não escamoso. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União desta semana.

Este subtipo geralmente leva a quadros graves, com comprometimento de outros órgãos, principalmente o fígado. A combinação desses medicamentos é inédita no Brasil. Enquanto o antiangiogênico inibe o crescimento de novos vasos sanguíneos no tumor, a imunoterapia bloqueia o PD-L1, a proteína encontrada no tumor que impedia o ataque do sistema imunológico ao câncer. A quimioterapia também reforça o combate às células cancerígenas.

Os dados do estudo clínico IMPower 150, publicados na revista científica The New England Journal of Medicine, mostram que a nova combinação dobra a porcentagem de sobrevida livre de progressão em um ano de tratamento quando comparada à abordagem sem a imunoterapia (36,5% versus 18%). Além disso, com o atezolizumabe, a resposta ao tratamento com redução do tumor foi maior (63,5% versus 48%) e, consequentemente, o risco de morte diminuiu em 22%. O estudo foi realizado em 240 centros médicos de 26 países.

Além disso, os achados para pacientes com as mutações EGFR e ALK em seus tumores deram origem a uma segunda publicação há apenas três meses na revista The Lancet Respiratory Medicine. Nesta subanálise, demonstrou-se que a combinação de imunoterapia, quimioterapia e o antiangiogênico prolongou a sobrevida global nesses pacientes de forma inédita. Nenhum estudo até então havia demostrado resultados positivos em sobrevida global com imunoterapia para essa subpopulação.

No Brasil, ocorrem 31,2 mil novos casos de câncer de pulmão ao ano, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Sem contar os tumores de pele não melanoma, este tipo de neoplasia fica atrás somente do câncer de próstata em homens e de mama, intestino e colo uterino em mulheres. O índice de letalidade em geral é alto: 87%. O subtipo não pequenas células representa 85% dos casos. É mais incidente em homens, com 65 anos de idade em média, a maioria fumante, mas também pode acometer mulheres e não fumantes ou fumantes passivos. Geralmente, são pacientes com outras doenças crônicas, histórico de problemas respiratórios e que já tiveram pneumonia recorrente. Os sintomas mais comuns são: tosse, cansaço, dor nas costas e, em fases mais avançadas, escarro com sangue, dificuldades neurológicas e até fraturas.

De acordo com William Nassib William, oncologista torácico e diretor médico da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, a aprovação pela Anvisa desta nova combinação é particularmente relevante pois, até hoje, não havia uma imunoterapia com aumento de sobrevida global para pacientes com mutação EGFR ou ALK após falha do seu tratamento.

O oncologista explica que o bevacizumabe, por ser um antiangiogênico, melhora a circulação do sangue em torno do tumor, o que facilita a ação das células de defesa do organismo para combater as cancerígenas. Com a adição do atezolizumabe, que elimina o bloqueio que o tumor impõe ao sistema imune, a resposta imunológica é potencializada. Já a quimioterapia, por sua vez, elimina as células tumorais, expondo mais antígenos ao sistema imune, de forma a também ampliar a ação imunológica. “É um arsenal em um único tratamento contra o câncer; sem dúvida um grande avanço para esses pacientes que não tinham opção altamente eficaz”, afirma o Dr. William Nassib William.

O atezolizumabe já havia sido aprovado, no início de junho, para tratamento em primeira linha de pacientes com outro tipo de câncer de pulmão: o de pequenas células em caso de doença extensa. A indicação foi considerada o maior avanço em 30 anos para esses pacientes. No mês anterior, esse mesmo medicamento também foi a primeira imunoterapia aprovada no Brasil para câncer de mama, no caso de pacientes com o subtipo triplo-negativo PD-L1 positivos. O atezolizumabe chegou ao país em 2017, indicado após quimioterapia para carcinoma urotelial e câncer de pulmão não pequenas células, em ambos os casos quando o câncer é localmente avançado ou metastático.

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