O custo total do câncer no Brasil alcançou a marca de R$ 68,2 bilhões em 2017. Isso é o que revela um estudo inédito, idealizado pela INTERFARMA (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa), que acaba de ser lançado no XXI Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica, no Rio de Janeiro. O trabalho foi realizado pela IQVIA, importante auditoria do setor, com avaliação técnica da SBOC (Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica) e apoio institucional da Oncoguia.
Com a proposta de investigar a jornada do paciente no Brasil, o estudo listou os gastos diretos com a doença, como medicamentos, hospitalizações e cirurgias, além dos custos indiretos, como morte prematura, absenteísmo e aposentadoria por invalidez, entre outros. O custo direto com câncer foi estimado em R$ 4,5 bilhões no SUS, com base em dados do DataSUS e informações de demandas de medicamentos auditadas pela IQVIA. Quimioterapia responde pela maior parte dessa despesa – 48% do total, o equivalente a R$ 2,2 bilhões. Radioterapia e hormonioterapia aparecem na sequência, com 10% e 7% do total, respectivamente. Já os procedimentos hospitalares, que incluem cirurgias oncológicas, internações e hospitalizações, somam R$ 1,1 bilhão, o que representa 25% dos gastos diretos com a doença.
Nos últimos cinco anos, o número de quimioterapias realizadas no SUS aumentou em 5%, passando de 1,1 milhão em 2014 para 1,32 milhão em 2018. As cirurgias oncológicas registraram um incremento semelhante, de 4%, chegando a 316 mil procedimentos por ano, enquanto as radioterapias registraram crescimento de 2%, alcançando 274 mil atendimentos por ano.
Já na saúde suplementar, as despesas diretas com tratamento do câncer chegaram a R$ 14,5 bilhões em 2017. Assim como no SUS, o maior custo foi o da quimioterapia, com R$ 5,6 bilhões, o equivalente a 39% do total. Procedimentos hospitalares (R$ 5,1 bi), procedimentos com finalidade diagnóstica (R$ 1,3 bi), radioterapia (R$ 0,9 bi) e hormonioterapia (R$ 0,7 bi) aparecem na sequência, respondendo por 35%, 9%, 6% e 5%, respectivamente.
Custos indiretos
No cálculo dos custos indiretos do câncer, o impacto mais expressivo diz respeito às mortes prematuras. Considerando a produtividade esperada de acordo com a expectativa de vida das vítimas fatais da doença, se chegou ao valor de R$ 47,8 bilhões em 2017.
O absenteísmo também resulta em perdas significativas, da ordem de R$ 1,3 bilhão, enquanto os benefícios por incapacidade, somando auxílio-doença e aposentadoria por invalidez, chegaram a R$ 137 milhões em 2017.
A conta final é de R$ 49,2 bilhões em custos indiretos, o que representa 72% dos custos totais do câncer no País em 2017, e R$ 18,9 bilhões em custos diretos. Somados, chegam a R$ 68,2 bilhões.
Impacto social
Ao investigar a jornada do paciente, o estudo identifica dificuldades na busca por tratamento, questões ligadas ao diagnóstico precoce e ao tempo entre diagnóstico e início da terapia. Há diferenças expressivas entre as regiões do País, bem como entre as formas de acesso – SUS, planos de saúde e atendimento particular.
Com as revelações do trabalho, espera-se que os dados possam dar suporte a discussões e à elaboração de políticas públicas de saúde.
Confira o estudo completo.
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