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Por Rede Bahia

O primeiro sinal chega com um nódulo, parecido com um pequeno grão de feijão, na região do seio ou da axila. O pensamento seguinte é de dúvida: “será que é câncer?”. O medo é tanto que algumas preferem não olhar mais pra região da mama. As mais curiosas, optam por investigar. Quando a hipótese é confirmada no consultório médico, outros pensamentos vêm imediatamente à tona. “Será que vou morrer? ”. Pensa o porquê de ter sido escolhida para viver aquilo, no relacionamento, no trabalho e nos projetos para o futuro. Dali em diante, tudo parece mudar. E, de fato, muda.

Uma pesquisa recente mostrou, por exemplo, que quase metade das soteropolitanas perderam a libido durante o tratamento. Trata-se de um estudo inédito divulgado pela farmacêutica  PFizer, na última terça-feira, em São Paulo, que mostrou o impacto do câncer de mama avançado na vida sexual, afetiva, doméstica e financeira de pacientes. Ele traz situações bem comuns que se repetem na vida de mulheres diagnosticadas com câncer de mama.

Quem viveu essa experiência e fala com propriedade sobre todas essas angústias é a economista soteropolitana Maria das Graças*, 44 anos. Ela foi diagnosticada em 2012 com câncer de mama em metástase - quando o tumor se espalha além do local onde começou. Maria das Graças diz que só descobriu a doença no segundo exame. “Achei que fosse morrer em um ano quando peguei o resultado, porque o câncer já estava com sete centímetros. Todo exame que eu fazia parecia pior”.

A economista diz que durante o tratamento teve apetite sexual abalada. “ A quimioterapia alterou a libido e, em alguns momentos, eu também precisei me afastar do trabalho”, conta. Atualmente, ela possui lesões no fígado e nos ossos. Mesmo assim, Maria das Graças já voltou a trabalhar, faz quimioterapia com remédios orais e encontra ainda disposição para atuar como voluntária em uma ONG que cuida de mulheres que, assim como ela, convivem com o câncer. “Eu continuo fazendo o que sempre gostei de fazer. Eu não vivo a doença, não vivo o câncer”.

Segundo com a médica oncologista Clarissa Matias, o câncer de mama é uma  é um crescimento anormal de células do tecido mamário. “Tanto os homens quanto as mulheres podem ter câncer de mama, no entanto, o mais comum é que a mulher tenha por causa da quantidade de tecidos”.

Consequências
Mesmo sem estar em metástase, a estudante Gabriela Pereira*, 26, já  sentiu  as consequências da doença na vida sexual. Ela foi diagnosticada com câncer  no início deste ano e ainda faz sessões de quimioterapia. Desde então, a estudante diz que teve o apetite sexual afetado. “A líbido diminui um pouco porque nossa cascata hormonal é alterada e tem ainda o psicológico, que também é afetado”.

Segundo Gabriela, até mesmo a menstruação passou a ser irregular depois que ela iniciou o tratamento. “Teve mês que eu menstruei duas vezes e já chegou a ter vez de eu não menstruar”, diz. Ela conta que o câncer trouxe mudanças pra sua vida em diversos aspectos. “Antes eu era vaidosa e era bem obcecada pelo meu corpo. Agora, aprendi a dar valor a outras coisas”, conta ela. Em alguns meses Gabriela vai  fazer a cirurgia de mastectomia, que retira parte da mama e, consequentemente, a parte atingida pelo tumor.

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"A gente nunca imagina que irá acontecer com a gente e o desconhecimento e mitos faz com que o medo seja a primeira reação",

Carolina Magalhães, design e escritora

A design e escritora, Carolina Magalhães, 33 anos, também enfrentou um câncer de mama. Ela foi diagnosticada quando tinha 29. “A verdade é que a gente nunca imagina que irá acontecer com a gente e o desconhecimento e mitos sobre a doença faz com que o medo seja a primeira reação”.

Carolina perdeu as sobrancelhas e optou por raspar a cabeça

Ao longo do processo de tratamento, Carolina perdeu as sobrancelhas e optou por raspar a cabeça. “Quando o médico falou que eu ia ter que tirar a mama, que eu não ia poder ter filhos, eu botei a mão na cabeça e fiquei muito assustada.  Mas passei a pensar no que me faz feliz. Passei a rever as prioridades da minha vida. Pra mim, nada mais é urgente”.

Segundo o presidente da Assistência Multidisciplinar em Oncologia (AMO), o médico oncologista Carlos Sampaio Filho, vários tratamentos bloqueiam ou reduzem de maneira significativa a líbido. “Esse aspecto também envolve o aspecto emocional da paciente”, explica.

*nomes fictícios

*Com orientação do chefe de reportagem Jorge Gauthier e edição de Perla Ribeiro. O CORREIO viajou a convite da Pfizer.

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