O Globo
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou registro e autorizou a comercialização de mais um produto à base de cannabis. A autorização publicada ontem é de um fármaco que será fabricado na Colômbia.
Segundo a agência, a solução de uso oral à base de canabidiol (CBD) tem concentração de 50 mg/mL, com até 0,2% de tetraidrocanabinol (THC) e, portanto, deverá ser comercializada em farmácias e drogarias a partir da prescrição médica, por meio de receita do tipo B (de cor azul). Este é o quinto produto contendo canabidiol com aprovação da Anvisa.
“Com a autorização, a empresa pode importar o produto já pronto para uso e iniciar a distribuição e comercialização no país", informa a agência em nota.
Ainda de acordo com a Anvisa, o produto pode ser prescrito quando estiverem esgotadas outras opções terapêuticas disponíveis no mercado brasileiro. “A indicação e a forma de uso do produto são de responsabilidade do médico prescrito, sendo que os pacientes devem ser informados sobre o uso do canabidiol”, conclui.
A Anvisa aprovou a regulamentação dos produtos à base de cannabis em dezembro de 2019. Com a decisão, derivados da planta para uso medicinal podem ser vendidos em farmácias, mediante prescrição médica, e ficam sujeitos à fiscalização da agência.
Apesar de a importação dos medicamentos ser permitida. o cultivo da planta, ainda que para fins medicinais, é proibido no Brasil. O Projeto de Lei 399/15, que tramita atualmente na Câmara dos Deputados e teve parecer favorável da comissão especial, busca legalizar o cultivo da planta exclusivamente para fins medicinais, veterinários, científicos e industriais.
Em fevereiro, a Anvisa aprovou novas versões mais baratas de um produto à base de canabidiol produzido pela farmacêutica Prati-Donaduzzi. A permissão incluía duas novas opções no mercado. com concentrações de 20 mg/ml c 50 mg/ml. A versão disponível anteriormente, na concentração de 200 mg/ ml, custava RS 2.500.
Recentemente, seis estudos clínicos brasileiros receberam o investimento de RS 15 milhões para testar o CBD no tratamento de várias doenças. O aporte, um dos maiores já vistos para o composto no país. partiu da empresa farmacêutica nacional Greencare e foi destinado a três instituições públicas de pesquisas do Sudeste e Nordeste: Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Metade dos trabalhos |á está em progresso.
Os medicamentos à base de canabidiol estão cada vez mais presentes em estudos para o alívio de dores crônicas. Em São Paulo, o Núcleo de Insuficiência Cardíaca e Dispositivos Mecânicos para Insuficiência Cardíaca do Instituto do Coração coordena atualmente a primeira pesquisa do país com a substância para tratar os sintomas da Covid longa.
Segundo o Relatório Mundial sobre Drogas2021, cerca de 200 milhões de pessoas consomem a cannabis no mundo, número que aumentou em cerca de 18% nos últimos dez anos. Já no Brasil, de acordo com levantamento da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em torno de 7,7% das pessoas de 12 a 65 anos; á usaram a substância na vida. O canabidiol, encontrado em pequena quantidade na planta, não causa dependência nem altera o raciocínio.
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