FV representa as vozes familiares, enquanto UFV representa as vozes de desconhecidos.
[Imagem: Ameen et al. - 10.1523/JNEUROSCI.2524-20.2021]
by Diário da Saúde
Vozes que acordam
Uma boa noite de sono não é tão simples quanto parece - ou, pelo menos, você não está tão desacordado como pode pensar.
Enquanto você dorme, seu cérebro continua a monitorar o ambiente, equilibrando a necessidade de proteger o sono com a necessidade de acordar.
Um exemplo de como o cérebro consegue isso é respondendo seletivamente a vozes desconhecidas, em comparação com vozes familiares.
Pesquisadores da Universidade de Salzburgo (Áustria) monitoraram a atividade cerebral de adultos dormindo. Durante o sono dos voluntários, eles tocavam gravações de vozes familiares e desconhecidas para cada um.
Os voluntários acordaram muito mais quando eram tocadas vozes desconhecidas do que quando eram tocadas vozes familiares.
Cérebro em modo sentinela
Os exames mostraram que as vozes desconhecidas induziram a geração de mais complexos K, um tipo de onda cerebral ligada a perturbações sensoriais durante o sono.
Embora vozes familiares também possam desencadear complexos K, apenas aquelas desencadeadas por vozes desconhecidas foram acompanhadas por mudanças em grande escala na atividade cerebral ligadas ao processamento sensorial.
As respostas cerebrais às vozes desconhecidas ocorreram com menos frequência à medida que a noite avançava e a voz, antes desconhecida, se tornava mais familiar, indicando que o cérebro pode aprender durante o sono.
Esses resultados sugerem que os complexos K permitem que o cérebro entre em um "modo de processamento sentinela", onde o cérebro permanece adormecido, mas retém a capacidade de responder a estímulos relevantes.
Uma ressalva é que outras pesquisas já mostraram que o som do choro do próprio filho - um som absolutamente familiar - faz as mães acordarem quase instantaneamente, em comparação mesmo com barulhos bem mais altos.
Artigo: The brain selectively tunes to unfamiliar voices during sleep
Autores: Mohamed S. Ameen, Dominik PJ Heib, Christine Blume, Manuel Schabus
Publicação: The Journal of Neuroscience
DOI: 10.1523/JNEUROSCI.2524-20.2021
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