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Perfeitos para as necessidades imediatas da vida contemporânea, os cosméticos fermentados, feitos com arroz, cogumelos e vegetais, garantiram lugar premium nas listas de tendências da temporada


Desde o boom dos produtos com consistência de sérum, por volta de 2016, o formato do cosmético não chamava tanto a atenção no universo do skincare. Neste ano, o jogo virou. Há muito estudados, os cosméticos fermentados (ou pós-bióticos) voltaram à luz pelas mãos do mercado de beleza asiático.
Assim como na alimentação, a ideia básica é decompor determinadas substâncias, com a ajuda de microrganismos como leveduras, fungos e bactérias, em substâncias ainda menores. No caso da comida, o método facilita o processo digestivo. Já na cosmética, um de seus maiores benefícios é otimizar o poder de absorção dos ativos pela pele e criar um ambiente mais equilibrado na superfície. Mas tem muito mais.
A dermatologista Luciana de Abreu, da clínica Dr. Adré Braz, do Rio de Janeiro, alerta que, para entender o processo, é importante ter consciência sobre o funcionamento do microbioma cutâneo.
“Nossa pele tem uma barreira de proteção formada por milhares de bactérias ‘boas’ que protegem o organismo de ressecamentos, hipersensibilidade e doenças como rosácea, acne, psoríase e dermatite seborreica. Quando o organismo se desestabiliza, cria-se um ambiente para que as bactérias ‘ruins’ se instalem, facilitando a ocorrência dessas fragilidades”, explica. 

É justamente na busca por esse equilíbrio que os novos queridinhos da cosmética, em sua maioria obtidos pelo processamento de flores, frutas, ervas, chás e algumas leguminosas, se mostram eficientes. Eles conduzem as bactérias boas para o microbioma, criando um reforço positivo no local e equilibrando a ação das ruins.

 

Barreira contra maus hábitos

Com benefícios que respondem às necessidades imediatas da vida contemporânea, os cosméticos fermentados garantiram lugar premium nas listas de tendências da temporada. Ao proteger a barreira cutânea, eles evitam as ameaças que a pele, saudável ou fragilizada, sofre do exposoma (reunião de agentes externos como poluição, estresse, alimentação, raios UV, luz azul).

“Produtos fermentados imitam as funções das células e tratam a pele sem interromper seu processo natural”, diz o farmacêutico Jamar Tejada, da Anjo da Guarda. “Por isso, há menos chance de causar sensibilidades”, completa.

Mas os bônus da novidade estética do ano vão além da proteção. Manter o microbioma equilibrado significa criar um ambiente favorável para que a pele performe sem interferências.

Assim, o crescimento de outras bactérias “boas” ajuda a ativar modeladores celulares presentes na pele que precisam de reposição externa porque não conseguimos estimular – caso dos ácidos acético e lático.

Esse processo, diz a dermatologista, também privilegia o sistema imunológico, ajuda na recuperação pós-procedimentos estéticos e reparadores, estimula a formação de colágeno pela produção de peptídeos, diminui escamações e pode, inclusive, agir no tratamento do melasma.
Motivos para se apaixonar e adotar a nova ideia de beleza não faltam. Mas ainda tem mais. O WGSN, instituto global de tendências em comportamento e consumo, apontou os fermentados como um dos grandes caminhos da beleza para 2022.

Em seu relatório, a entidade indica que a fermentação se encaixa em uma tendência ampla de beleza holística, usando ingredientes à base de plantas. O texto explica que “fermentando vegetais amigáveis à pele, como arroz, cogumelos e chás, é possível promover o crescimento de bactérias benéficas que atuam como conservantes naturais, prolongando a vida útil das fórmulas e tornando a beleza fermentada ideal para consumidores com mentalidade sustentável e focados em valor”.

“O processo de fermentação geralmente envolve a adição de enzimas especiais, que neutralizam a ação de bactérias e fungos indesejados”, explica o farmacêutico Jamar Tejada. Segundo ele, isso evita o uso de conservantes sintéticos, resultando em um processo de preservação mais orgânico e muito mais potente.

Especialista da WGSN, Priscila Seripieri ainda lembra que os primeiros estudos que previram o comportamento, no final de 2020, surgiram exatamente pela observação de empresas com fundamentação e consciência ambiental.

“Esse movimento teve início em função da descoberta de que a fermentação, além da poderosa capacidade de melhorar a eficácia dos produtos, também preserva a vida útil dos ingredientes. Na sequência, começamos a mapear marcas que já iniciavam o aproveitamento dessa técnica ao redor do mundo”, revela.

A Sallve, empresa brasileira que já adotou técnicas de fermentação, valoriza ainda um novo ponto na produção de skincare sustentável: a preservação da biodisponibilidade. Carine Dal Pizzol, gerente de pesquisa e desenvolvimento da marca, relata que o método de fermentação adotado conta com o uso de reatores, que não só potencializam o processo e mantêm todas as etapas padronizadas, como também usam uma fração muito pequena do ativo para desencadear a reação.

“Acredito que o maior benefício é a redução do extrativismo. Em vez de plantar 2 hectares do ativo, você vai ter uma plantinha no laboratório que vai produzir, de maneira uniforme, a mesma quantidade. Assim, preservamos a cadeia de sustentabilidade usando o mínimo de matérias-primas biodisponíveis”, completa.

 

Onde tem por aqui

1. Fermentation Eye Cream, Benton: O creme desenvolvido especialmente para a delicada área dos olhos faz parte de uma linha criada com alta concentração de ingredientes fermentados. A fórmula contém Galactomyces, um fermentado do saquê, e também um fermentado da bactéria Bifida. Além de ceramidas e peptídeos para garantir, sobretudo, a elasticidade de pele local.


2. Sérum noturno com ácido láctico e esqualano, Biossance: Esfoliante feito com um ácido láctico vegano fermentado em contato com açúcares de fonte sustentável. O objetivo é acelerar o processo de renovação celular e restaurar a barreira cutânea.

3. Máscara Antirressaca, Sallve: Para acordar a pele e suavizar os sinais de cansaço, tem taurina e extrato de café na fórmula. O ingrediente ativo é o Biosacc Biosacharide Gum-1 haride Gum-1, um polissacarídeo extraído da fermentação do milho e da soja não transgênicos. Ele cria um filme que retém a umidade da pele e garante hidratação a longo prazo.

4. Bruma hidratante fortalecedora SweetBiome Fermented Sake, Drunk Elephant: É um spray de emergência para borrifar na pele sempre que sentir algum desequilíbrio a caminho. Funciona pela ação do Galactomyces, um fungo fermentado do saquê que reforça as defesas contra radicais livres e fortalece a barreira da pele.

 

Fonte: Marie Claire 

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