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O Estado de S.Paulo
Jornalista: Roberta Jansen
24/01/20 - Uma célula do sistema imunológico recém-descoberta poderia ser usada para tratar vários tipos de câncer, segundo um novo estudo da Universidade de Cardiff, no Reino Unido, publicado na revista científica Nature Immunology. A descoberta não foi testada ainda em pacientes, mas pesquisadores sustentam que tem um “enorme potencial”. Os especialistas de Cardiff estudavam as formas pelas quais o sistema imunológico naturalmente ataca os tumores e outras infecções. Eles descobriram a existência de um tipo específico de célula T (de defesa) no sangue. Segundo o estudo, ela poderia resultar em um tratamento universal contra o câncer por ser capaz de atacar e destruir diferentes tumores.
As terapias com células T são consideradas atualmente as mais promissoras novidades da Medicina no combate à doença. Nos tratamentos já disponíveis, as células de defesa são modificadas geneticamente para destruir determinados tumores. A mais usada é a conhecida como CAR-T. Ela é personalizada e só funciona para alguns tipos de câncer. A terapia não é eficaz para combater tumores sólidos – que representam a maioria dos casos.
A célula T descoberta pelos cientistas é equipada com um receptor capaz de reconhecer e destruir a maioria dos tumores humanos e, ao mesmo tempo, poupar células saudáveis. Para os cientistas, o achado oferece “grande oportunidade para imunoterapias universais contra o câncer”, tratamentos até então considerados impossíveis.
Para testar o potencial terapêutico dessas células, os cientistas as injetaram em camundongos alterados geneticamente para ter sistema imunológico igual ao humano e também tumores cancerígenos humanos.
As células T se revelaram capazes de destruir tumores de pulmão, pele, sangue, mama, osso, próstata, ovário, rins, entre outros, e, ao mesmo tempo, poupar as células saudáveis.
Principal autor do estudo e especialista em células T, o professor da Universidade de Cardiff Andrew Sewell disse que é “altamente incomum” encontrar uma célula de defesa capaz de destruir tantos tipos de câncer ao mesmo tempo. Isso abre caminho para um tratamento universal – algo que muito pouca gente achava possível.
Novo caminho
“Esperamos que essa nova célula nos ofereça um caminho diferente para detectar e destruir um amplo espectro de tipos de câncer em todos os indivíduos”, disse Sewell. “As atuais terapias com células de defesa disponíveis só podem ser usadas em uma minoria de pacientes, e para uma minoria de casos de câncer.”
Os cientistas esperam agora testar a nova terapia em seres humanos até o fim do ano. Até lá, o grupo pretende assegurar que as células T recém-descobertas destroem apenas as células cancerígenas e poupam as saudáveis. “Ainda há alguns obstáculos a superar”, diz Sewell.
“Mas, se o teste em seres humanos for bem-sucedido, esperamos ter um tratamento pronto para uso em poucos anos.”
Para lembrar: Terapia curou idoso em MG
Um funcionário público aposentado de Minas foi a primeira pessoa na América Latina a receber uma nova terapia celular que vem revolucionando o tratamento do câncer nos Estados Unidos e Europa. Menos de 20 dias após ser submetido ao tratamento feito a partir das próprias células, o paciente já apresentava remissão da doença, segundo resultados divulgados em outubro de 2019. Vamberto Luiz de Castro, de 62 anos, estava em estado grave, com linfoma avançado que não respondia a tratamentos convencionais. Após receber alta, Castro morreu em uma queda.
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