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A pesquisadora Patricia de Medeiros pretende diversificar a dieta dos brasileiros com seus estudos sobre pancs. Ela venceu o prêmio For Women in Science, promovido pela Fundação L’Oréal junto com a Unesco (Foto: Divulgação)

A etnobotânica pernambucana Patrícia de Medeiros quer ajudar pequenos agricultores do Nordeste a popularizar o consumo das plantas alimentícias não convencionais

BEATRIZ LOURENÇO*

Galileu

A pesquisadora Patrícia de Medeiros trabalha para diversificar o prato dos brasileiros. Além dos vegetais mais consumidos, seu objetivo é incluir na dieta da população plantas que poucas pessoas sabem que podem comer. É com essa premissa que a brasileira recebeu o prêmio Para Mulheres na Ciência, promovido pela Fundação L’Oréal em parceria com a Unesco. Ela venceu na categoria International Rising Talents, ao lado de outras 14 cientistas.

A etnobotânica receberá uma bolsa-auxílio de R$ 75 mil para investir nos estudos. "Acredito que ter vencido este prêmio ajuda na repercussão da pesquisa, além de me incentivar a ampliá-la", afirma Medeiros.

Pernambucana de 33 anos, Medeiros cursou a graduação na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), seguida por mestrado e doutorado na Universidade Federal Rural do mesmo estado (UFRPE). Por cinco anos, ela foi professora de biologia na Universidade Federal da Bahia (UFBA) e, desde 2015, ministra aulas nos cursos de Agroecologia e Engenharia Florestal da Universidade Federal de Alagoas (UFAL).

A cientista se interessou pelas PANCs — plantas alimentícias não convencionais — logo no início da carreira, passando a estudar o araçá, cambuí e maçaranduba. Seu objetivo é auxiliar pequenos agricultores do nordeste do Brasil a identificar, divulgar e comercializar novos produtos. Medeiros faz isso ao entender qual é a relação entre as pessoas e as plantas e descobrir o que faz alguém consumir certos alimentos e outros não.

"Para isso, eu entrevisto primeiro os pequenos agricultores, que têm dificuldade de comercialização dos produtos, e depois os consumidores", explica. "Em seguida, faço associações para entender como as pessoas escolhem o que vão comer — se é pelo nome, pela aparência ou até mesmo pelo cheiro."

Para Medeiros, o nosso país ainda aproveita muito pouco o potencial alimentício que temos, e isso se dá pelo medo da população em consumir o que não é convencional. Segundo a cientista, uma mudança de comportamento traria consequências positivas para todos os setores, como o aumento da segurança de produção, uma vez que essas plantas são mais adaptadas aos seus ambientes; a redução de agrotóxicos e fertilizantes, que afetaria diretamente a saúde dos consumidores; e a valorização dos pequenos produtores.

"Queremos valorizar um pouco mais o que é nosso e mostrar que plantas diferentes também podem ter um potencial nutritivo grande, além de ser um diferencial na questão do sabor e na diversificação das dietas", afirma.

*Com supervisão de Larissa Lopes.

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