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Pesquisadores da Universidade de Nottingham e de instituições parceiras revelaram uma nova abordagem para a análise da estrutura das nanopartículas lipídicas (LNPs), utilizadas na entrega de vacinas e terapias com RNA. A descoberta, publicada na coleção Desenvolvimento de Métodos de Espectrometria de Massa da revista Nature, abre caminho para melhorias na segurança e eficácia desses sistemas de transporte de medicamentos. Informou a EurekAalert!.
As nanopartículas lipídicas ganharam destaque mundial com as vacinas de RNA da Moderna e Pfizer-BioNTech, usadas no combate à COVID-19. Além disso, vêm sendo exploradas em diferentes aplicações terapêuticas, como no tratamento de doenças raras, incluindo polineuropatia hereditária, e na pesquisa de terapias genéticas direcionadas para doenças pulmonares, como fibrose cística, asma e fibrose pulmonar idiopática.
Uma das principais dificuldades enfrentadas na formulação desses medicamentos é a estrutura e organização das moléculas constituintes das nanopartículas. O novo estudo possibilita uma visão detalhada da posição relativa de cada componente, permitindo ajustes na composição e desenvolvimento de formulações mais eficientes e seguras.
Novo método de análise estrutural das LNPs
A equipe, que conta com pesquisadores da Sail Biomedicines e do Massachusetts Institute of Technology (MIT), utilizou uma tecnologia inovadora chamada Cryogenic OrbitrapTM (Cryo-OrbiSIMS), capaz de analisar a estrutura molecular de nanopartículas congeladas sob alta pressão, preservando sua condição mais próxima do estado natural.
Essa abordagem permite examinar a superfície das nanopartículas com um nível de precisão sem precedentes. De acordo com o professor Morgan Alexander, líder da pesquisa, o avanço representa uma possibilidade real de caracterizar sistemas farmacêuticos delicados, essenciais para a entrega eficaz de medicamentos dentro do corpo humano.
O impacto na inovação dos tratamentos com RNA
A análise aprofundada das LNPs pode transformar a forma como medicamentos são desenvolvidos. Robert Langer, pesquisador do MIT e coautor do estudo, explica que a composição das nanopartículas influencia diretamente sua eficácia e direcionamento terapêutico. “Ao entender melhor sua estrutura, podemos projetar nanopartículas mais potentes e específicas, ampliando o alcance das terapias baseadas em RNA para diferentes doenças”, afirma.
Para Kerry Benenato, diretora de plataforma da Sail Biomedicines, a descoberta permitirá a engenharia precisa das nanopartículas lipídicas, ajustando propriedades como biodistribuição e aprimorando o impacto terapêutico de novos medicamentos.
Perspectivas para o futuro
A tecnologia desenvolvida não apenas contribui para avanços na formulação de medicamentos personalizados, mas também pode ser aplicada no controle de qualidade durante a escalabilidade dos processos de produção. Isso significa que a transição dos medicamentos do laboratório para aplicações clínicas poderá ocorrer de forma mais segura e previsível.
Diante dessas descobertas, cientistas e indústrias farmacêuticas têm agora um novo caminho para explorar a bioengenharia de nanopartículas, visando aprimorar tratamentos e ampliar o acesso a terapias inovadoras no futuro próximo.
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