Image copyright ThinkstockImage caption Predisposição genética das pessoas é chave inclusive para desenvolver novos medicamentos
James Gallagher
Correspondente de Saúde, BBC News
Por que algumas pessoas parecem ter pulmões saudáveis apesar de fumarem muito e por muitos anos? Após analisarem mais de 50 mil casos, cientistas britânicos chegaram à uma conclusão.
O estudo, feito pela equipe da agência de pesquisa do governo Medical Resarch Council, mostrou que mutações no DNA das pessoas aprimoram as funções pulmonares e mascaram o impacto mortal causado pelo cigarro.
Segundo os cientistas, a descoberta pode culminar na criação de novos medicamentos para melhorar as funções pulmonares.
No entanto, eles fizeram questão de ressaltar que não fumar será sempre é melhor opção.
Usando dados de condições de saúde e informações genéticas de voluntários, os pesquisadores analisaram problemas como a chamada doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), que pode causar falta de ar, tosse e infecções.
Ao se comparar fumantes e não fumantes, e também pessoas com e sem DPOC, os pesquisadores descobriram trechos do DNA que reduzem o risco da doença.
Assim, fumantes com "bons genes" tinham um risco menor de desenvolver DPOC do que os que tinham "genes ruins".
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Image caption Pesquisadores fizeram questão de ressaltar que não há nenhuma solução mágica que vá garantir proteção contra o tabaco
Segundo o professor da Universidade de Leicester Martin Tobin, um dos pesquisadores do estudo, os genes parecem afetar a maneira com que os pulmões crescem e respondem aos danos.
"Não há nenhuma solução mágica que garanta proteção contra o fumo. Essas pessoas ainda terão pulmões menos saudáveis do que teriam se não fumassem", disse Tobin à BBC.
"A melhor coisa que alguém pode fazer para evitar a DPOC e outras doenças relacionadas ao cigarro, como o câncer, é parar de fumar."
O hábito de fumar também aumenta o risco de doenças do coração e de vários tipos de câncer – nada disso foi analisado no estudo.
Os cientistas também descobriram parte do código genético que é mais comum em fumantes do que em não-fumantes.
Ainda é necessário mais pesquisa, mas os cientistas afirma que essa diferença parece alterar as funções cerebrais e o grau de facilidade que cada um se vicia em nicotina.
"(A descoberta) traz fantásticas novas pistas sobre como o corpo trabalha, em áreas que tínhamos pouco conhecimento antes. São descobertas que podem culminar em incríveis progressos em termos de desenvolvimento de novos remédios", afirmou Tobin.
O estudo foi apresentando em um encontro da European Respiratory Society e publicado na revista científica Lancet Respiratory Medicine.
O chefe de pesquisas da British Lung Foundation, Ian Jarrold, afirmou à BBC: "Essa descoberta representa um passo significativo para obtermos uma visão mais clara sobre o fascinante e intrincado funcionamento dos pulmões."
"Entender a predisposição genética é essencial não apenas para nos ajudar a desenvolver novos tratamentos para pessoas com doenças no pulmão, mas também nos ensina sobre como pessoas saudáveis podem cuidar melhor de seus pulmões."
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