Cientistas testam terapias

Correio Braziliense 

06/04/20 - A Agência Nacional de Medicamento e Produtos de Saúde da França autorizou um teste clínico que consiste em administrar uma solução à base de sangue de um verme marinho em pacientes com Covid-19. Esse material tem capacidade de transportar oxigênio no organismo dos doentes, segundo os pesquisadores.

A empresa Hemarina, que desenvolveu o produto, também obteve autorização do Comitê de Proteção de Pessoas (CPP) para realizar o teste, segundo o diretor, Franck Zal. A solução é produzida com a hemoglobina da Arenicola marina, verme marinho que mede entre 10 cm e 15 cm.

A hemoglobina do animal — molécula presente nos glóbulos vermelhos e que tem como missão transportar o oxigênio pelo corpo — é capaz de fornecer 40 vezes mais o elemento do que a hemoglobina humana. Ao contrário dessa última, contida nos glóbulos vermelhos, a do anelídeo é extracelular.

O “respirador molecular”, cujo projeto recebeu o nome de Mônaco, é uma “esperança para aliviar as UTIs”, comentou Zal. O sintoma mais grave da Covid-19 é a falta de ar, obrigando os médicos a colocar respiradores nos pacientes. O primeiro teste será feito em 10 pessoas em um hospital de Paris.

Anticorpos

Já nos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA) aprovou uma terapia à base de plasma de pacientes recuperados para um ensaio clínico de larga escala. A prática de injetar sangue de pessoas que sofreram da doença e, por isso, têm anticorpos contra o vírus Sars-CoV-2, já estava sendo testada em pequenos números de internos, com sucesso, em alguns hospitais norte-americanos.

O Hospital Metodista de Houston, no Texas, realizou o tratamento em quatro pacientes graves e, nos próximos dias, deve ampliar o número de participantes. Segundo um comunicado da instituição, as primeiras pessoas tratadas com o método se recuperaram.

Conhecida como terapia sérica convalescente, esse conceito existe há mais de um século, sendo usado durante a gripe espanhola de 1918 e, posteriormente, no surto de difteria dos anos 1920, entre outras epidemias virais.

“A terapia sérica convalescente pode ser uma abordagem vital porque, infelizmente, há relativamente pouco a oferecer a muitos pacientes, exceto cuidados de suporte, e os ensaios clínicos em andamento levarão um tempo. Não temos muito tempo”, afirma Eric Salazar, cientista médico do Departamento de Patologia e Medicina Genômica do Hospital e Instituto de Pesquisa Metodista de Houston.

Segundo o pesquisador, uma revisão dos prontuários dos pacientes Covid-19 indica que quase dois terços dos pacientes podem atender aos critérios de doação de plasma. Aqueles com condições subjacentes críticas e idade avançada não serão elegíveis para doação. Embora promissora, a terapia ainda é experimental e pode levar tempo até que a eficácia seja comprovada.

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