Um estudo publicado no Circulation: Cardiovascular Quality and Outcomes, demonstrou que indivíduos com alto risco de cardiovascular tiveram mais infartos do miocárdio e acidentes vasculares cerebrais (AVC) quando não receberam intervenção terapêutica ou abandonaram o tratamento para equilibrar o colesterol “ruim”, também conhecido como LDL-C. Os dados reforçam a importância do acompanhamento deste fator de risco e fator causal da doença aterosclerótica, que pode ocasionar doenças fatais como: infarto, AVC, complicações renais, síndrome coronariana aguda, angina e trombose.
Doenças cardíacas matam mais que câncer, guerras e álcool, de acordo com os dados da Organização Mundial da Saúde – o órgão define as doenças cardiovasculares como causa de 31% de todas as mortes no mundo, e dessas, 85% são devido a ataques cardíacos e derrames. Outro dado importante apontado pela instituição é que mais de 75% dos óbitos causados por essas patologias ocorrem em países de baixa e média renda, como é o caso do Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 300 mil brasileiros sofrem de infarto agudo do miocárdio por ano, que acaba sendo fatal em 30% dos casos.
O levantamento foi realizado pela Familial Hypercholesterolemia Foundation (FH Foundation), entidade internacional que apoia pacientes com hipercolesterolemia familiar, uma doença genética e hereditária, caracterizada por elevados níveis de colesterol que aumenta as chances de doenças cardiovasculares em idade precoce. A publicação do estudo nessa data é uma oportunidade de evidenciar a importância do controle dos níveis de LDL-C no organismo e da prevenção das doenças cardiovasculares.
Embora fatores de risco como histórico familiar da doença, idade, sexo ou fatores genéticos, não possam ser alterados, o colesterol LDL-C elevado é um dos fatores de risco modificáveis mais importantes e impactantes[5] para a doença cardiovascular.
A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) constatou que os altos níveis de colesterol atingem 60 milhões de brasileiros. “A desigualdade de acesso à informação sobre as novas possibilidades de prevenção faz o paciente ficar vulnerável às consequências das doenças cardíacas, esteja ele em qualquer país. Infartos e AVCs além de terem grande impacto financeiro e social, são situações irreversíveis que poderiam ser prevenidas.” José Francisco Kerr Saraiva, professor titular da disciplina de cardiologia da Faculdade de Medicina da PUC – Campinas.
O estudo, realizado nos Estados Unidos, analisou os pacientes que tiveram a prescrição de um medicamento para o controle de colesterol, mas que – por conta da autorização das operadoras de seguro – não obtiveram acesso ao tratamento adequado. A conclusão foi que o baixo acesso à medicação torna mais suscetível a infartos e AVCs esta população de alto risco cardiovascular que não tem renda para arcar com os custos do tratamento. Para o levantamento, a Familial Hypercholesterolemia Foundation (FH Foundation) analisou 139.036 adultos.
[5] Yusuf S, Hawken S, Ounpuu S, et al. Effect of potentially modifiable risk factors associated with myocardial infarction in 52 countries (the INTERHEART study): case-control study. Lancet. 2004;364:937-952.
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