Colunista: Jéssica Araújo
ESTAR NA ARENA
Você já ouviu falar da pesquisadora Brené Brown? Professora e pesquisadora na Universidade de Houston, Brené estuda há duas décadas a coragem, a vulnerabilidade, a vergonha e a empatia. Sua palestra “O poder da vulnerabilidade” é uma das mais vistas de toda a série de conferências TED, tendo sido assistida por mais de 45 milhões de pessoas. Agora você deve estar pensando: o artigo será sobre ela então? Digo a você que não sobre ela, mas, a respeito de um dos pontos mais altos de seus discursos na minha opinião.
Em uma de suas palestras ela fala sobre como somos julgados e avaliados por nossas atitudes, escolhas e decisões e que esse julgamento reflete diretamente na questão da vulnerabilidade. Por sermos submetidos a um padrão de ser e realizar, nos frustramos quando não nos adequamos a esses padrões mesmo que nos esforcemos muito para isso. Se você não ganha uma promoção, se não se casou, se ainda não conseguiu seu primeiro milhão próximo aos 30 ou 40 anos, parece, aos olhos de todos que o rodeiam, que sua vida não está indo para frente. Ou ainda, se conseguiu tudo isso tem mais que a obrigação de não querer mais nada da vida, de estar satisfeito e o tempo todo feliz.
Ocorre que, cada um tem sua história, sua maturidade e seu momento para realização e percepção das coisas. Quando você se humaniza baseado na sua vulnerabilidade, isto é, entendendo que nem sempre você vai acertar, nem sempre você vai ganhar ou conseguir, você se dispõe a estar na arena da vida. Experimentando a coragem de ser o que você é e como é. O fato de você estar na arena com tudo isso, perceba que você está exposto, você será julgado e uma multidão estará assistindo seus feitos. Mas, a grande questão é que você só vai aceitar julgamento de quem tem a coragem de entrar na arena com você. De sentir o que você sente, de se expor. É muito fácil julgar alguém sendo que todos os sentimentos são escondidos, não há humanidade, só uma perfeição velada. Essa perfeição é muito comum no mundo corporativo, mas, também em nosso dia a dia, porque fomos criados para superar decepções o tempo todo e de preferência não demonstrar os sentimentos. Assertividade e racionalidade em contrapartida a humanidade e emoção.
Estar na arena não é não ter medo. É encarar o medo, o suor, as lágrimas, as frustrações e não ter vergonha de nenhum desses sentimentos. É demonstrar sim, com parcimônia claro, mas, sendo autêntico. Quem quiser dizer algo a você que vá para a mesma arena. Se não, deixe-os como expectadores, não se abale com isso, foque em você, em como lidar com seus sentimentos e como lapidar seu eu porque tenha certeza, no olhar de quem julga o tempo todo, sua vida é muito mais interessante do que a deles.
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Sobre a autora
Jéssica Araújo é técnica em nutrição, farmacêutica e coach pela Sociedade Brasileira de Coaching. Também atua em Educação e Treinamento na Abbott Farmacêutica, com passagens pela Catarinense Pharma, Pfizer, Libbs e EMS
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