Produto da Beyoung (Divulgação)
Startup recebeu um aporte de R$ 140 milhões da XP no final de 2020. Faturamento projetado para este ano está em R$ 200 milhões
by Mariana Fonseca | InfoMoney
SÃO PAULO – Apesar das máscaras e do trabalho remoto, o mercado de beleza cresceu durante a pandemia do novo coronavírus. Apenas o segmento de cuidados com a pele cresceu 21,9% em 2020. A Beyoung é uma das startups que está de olho no segmento mesmo antes da pandemia – e a marca online de dermocosméticos e maquiagens faciais ganhou um impulso com a digitalização dos consumidores.
O próximo passo da startup de beleza, ou beautytech, é colocar ainda mais tecnologia no processo. A Beyoung lança nesta quinta-feira (9) uma inteligência artificial própria para análise de pele. O algoritmo, chamado Skin ID, indica o melhor produto entre sete que compõem uma nova linha de dermocosméticos personalizada para cada necessidade de pele, chamada Booster Gen.
Guilherme Priante, fundador e CEO da Beyoung, falou em coletiva de imprensa sobre o desenvolvimento dessas soluções e sobre a expansão do negócio após a primeira captação externa da Beyoung. O fundo de private equity da XP colocou R$ 140 milhões no negócio, no final de 2020.
Inteligência artificial na beleza
A Beyoung foi criada em 2017. A startup nasceu para vender dermocosméticos e maquiagens com elementos de tratamento em suas formulações.
“A pele é nosso maior órgão. Mesmo assim, tudo que passamos em nosso rosto e corpo é consumido por tentativa e erro – apenas 5% dos consumidores desse mercado vão ao dermatologista. O objetivo é simplificar a relação das pessoas com a beleza, com produtos multifuncionais para o tratamento da pele”, diz Priante.
Seus primeiros produtos foram primer, água micelar e cleanser com elementos gerais para tratamento da face. Agora, a startup defende que os elementos sejam personalizados para cada consumidor.
Desde sua fundação, a Beyoung vem desenvolvendo uma inteligência artificial própria com dermatologistas, engenheiros, físicos e profissionais de tecnologia. Os dermatologistas avaliaram fotos em parâmetros como manchas, poros, sinais de idade, acne, oleosidade e sensibilidade. Suas notas são repassadas para uma inteligência artificial, que a partir desse momento entrou em processo de aprendizado de máquina (machine learning). Hoje, a startup tem uma base de 50 mil fotos analisadas e afirma que a precisão de seu algoritmo é de 92%.
A inteligência artificial foi batizada de Skin ID. Em uma aplicação para web, os consumidores respondem algumas perguntas de anamnese, indicando seu tipo de pele, quantidade de acne, sensibilidade ou exposição constante ao Sol. Depois, tiram uma foto do rosto para análise pela Skin ID. O resultado é feito de notas em cada um dos parâmetros de pele.
Então, a Beyoung indica o produto certo da linha Booster Gen, que tem sete produtos de cuidado facial: Acne Free+, Anti Aging+, Anti-Ox Vita C+, Deep Care+, Oil Control+, Sensitive+ e Uni Tone+. A startup também escreve sobre quais necessidades da pele do consumidor, e qual deve ser sua rotina de cuidados.
Além da linha Booster Gen, a tecnologia do Skin ID será embarcada em outros dermocosméticos e maquiagens da Beyoung. O investimento na Skin ID foi de R$ 10 milhões.
O CEO reforça que a pretensão não é substituir o dermatologista em casos graves de manchas ou rugas. “Muitas condições não se resolvem apenas com dermocosméticos, é preciso fazer tratamentos com profissionais.”
A Beyoung é uma marca verticalizada e nativa digital – na sigla original, DNVB. Seus produtos são vendidos pela internet e áreas estratégias do negócio são completamente internalizadas, como a de desenvolvimento de produto. Internacionalmente, um pioneiro em marca verticalizada e nativa digital é o comércio de óculos Warby Parker. No Brasil, a Amaro é outro exemplo de DNVB.
Também existem outras startups por aqui que seguem a tendência de personalização de produtos de beleza, como Just For You em produtos para cabelo.
A Beyoung afirma deter 2,6% de participação de mercado na categoria de cuidados faciais no Brasil. A base é de 1 milhão de clientes, e 30% deles compram produtos de forma recorrente. O lifetime value (LTV) é de seis meses, com retenção de 29%. A meta em longo prazo é atingir 40% de retenção.
Próximos investimentos
A Beyoung vem numa escalada de receita líquida anual: R$ 65 milhões em 2017, R$ 75 milhões em 2018, R$ 83 milhões em 2019 e R$ 150 milhões em 2020. O negócio operava com seu próprio caixa (bootstrapping) até o investimento de R$ 140 milhões do fundo de private equity da XP. A Beyoung não abre qual foi sua avaliação de mercado com a rodada.
“Desde nosso primeiro ano, entregamos resultados positivos. Construímos uma marca forte, mas entregando boas margens. Isso chamou a atenção da XP, que acreditou em nossa estratégia de longo prazo”, diz Priante.
O investimento veio para fortalecer frentes como marca, portfólio, verticalização e expansão para o mundo físico. A startup de beleza projeta um faturamento de R$ 200 milhões em 2021.
Para o futuro, a Beyoung pretende dobrar seu market share em cuidados faciais. Apenas em termos de expansão presencial, serão 58 lojas conceito até 2024. A primeira unidade será inaugurada nos três primeiros meses de 2022, na Oscar Freire, região paulista de alto poder aquisitivo.
Segundo Priante, a Beyoung não está de olho em uma nova captação privada. O plano é fazer uma oferta pública inicial de ações da startup de beleza. “Vamos nos fortalecer como a maior beautytech da América Latina nos próximos cinco anos. Então, vamos buscar um IPO.”
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