Sidney Klajner, presidente do Hospital Albert Einstein (Foto: Reprodução/Site einstein.br)

Sidney Klajner, presidente do Hospital Albert Einstein (Foto: Reprodução/Site einstein.br)

Sidney Klajner, presidente do Hospital Albert Einstein, e Graciema Bertoletti, diretora da Amil, discutem os impactos da pandemia em seus negócios e o papel da liderança durante tempos de crise

RENNAN A. JULIO

Época Negócios

A pandemia do novo coronavírus expôs as deficiências do Brasil quando o assunto é investimento em ciência, saúde e tecnologia. Para Sidney Klajner, presidente do Hospital Albert Einstein, a situação é delicada. “O primeiro corte de orçamento do governo atual foi em pesquisas - o que vem acontecendo há décadas. Temos talentos perdidos e startups que nascem sonhando em receber investimentos de fora do país.”

Klajner participou de painel organizado pelo Grupo Mulheres do Brasil, ao lado de Graciema Bertoletti, diretora da Amil. Juntos, eles discutiram os impactos da pandemia em seus negócios e o papel da liderança durante tempos de crise. A conversa foi mediada por Maria Fernanda Teixeira e Denise Damiani, do Mulheres do Brasil, grupo fundado por Luiza Helena Trajano, presidente do conselho do Magazine Luiza, e que hoje reúne mais de 40 mil lideranças femininas no país e no exterior.

Graciema viu um time de quase 6 mil funcionários ter de trabalhar de casa do dia para a noite. Além disso, enfrentou mudanças em contratos com clientes como companhias aéreas, um dos setores que mais sofre com a crise econômica causada pela pandemia. Já o Hospital Albert Einstein foi uma das primeiras instituições a separar um time de médicos para atender e pesquisar exclusivamente os casos do novo coronavírus. Klajner conta que a decisão foi tomada ainda nos primeiros dias de janeiro, quando os casos estavam concentrados na China.

O Einstein montou uma operação de guerra, separando um prédio apenas para possíveis casos de coronavírus. Construiu um hospital de campanha no Estádio do Pacaembu e apoiou a criação de um anexo para o tratamento da covid-19 no Hospital Municipal M’Boi Mirim, também em São Paulo. Ao mesmo tempo, viu seu faturamento cair 50% com a menor procura por procedimentos eletivos - aqueles que não são considerados de urgência ou emergência.

Klajner espera que o momento sirva para que ciência, a saúde e tecnologia sejam mais valorizadas. “Se não fosse a tecnologia traduzindo essa quantidade massiva de dados de cidades e estados em informação, a gente sequer teria pleno entendimento dessa pandemia no nosso país.” Para o presidente, é por meio de soluções tecnológicas desenvolvidas por pesquisadores e empresas que a pandemia pode ser mais facilmente enfrentada. “A tecnologia terá um papel fundamental na saúde. Rezo para que a sigam valorizando, assim como a saúde e a ciência, quando a pandemia acabar.”

Graciema concorda e usa de exemplo o caso da telemedicina. “Para fazer bom uso da telemedicina, precisamos de boa tecnologia”, diz. A Amil hoje usa uma plataforma desenvolvida pelo Einstein nas consultas realizadas via videoconferência. A intenção é que o procedimento ganhe ainda mais força após o fim da pandemia.

Liderança e política
A executiva conta que seu maior desafio com a crise do novo coronavírus foi acelerar o processo de tomada de decisão dentro do negócio. “É desafiador, porque são questões fundamentais para a empresa”, diz. Nesse processo, optou por fortalecer a comunicação, mantendo a liderança da companhia bem informada. “Toda semana, são várias decisões urgentes.” Como médico, Klajner está se acostumando a passar menos tempo no hospital. “É normal que um médico fique pouco tempo em casa, então estou aprendendo a ser mais produtivo com reuniões virtuais. Não posso mentir, porém, que sinto falta dos abraços.”

Ele também comentou brevemente a passagem de Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich pelo ministério da saúde. “Dois ministros pautados por evidência científica, atuando segundo as recomendações da Organização Mundial da Saúde, não puderam atuar. A falta desse entendimento já fez um estrago, ao meu ver, na adesão da população ao isolamento. É ruim para o Brasil.”

Enviar-me um e-mail quando as pessoas deixarem os seus comentários –

DikaJob de

Para adicionar comentários, você deve ser membro de DikaJob.

Join DikaJob

Faça seu post no DikaJob