Como um chefe tóxico contamina o ambiente de trabalho

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Por Letícia Arcoverde, com agências noticiosas | Valor

 

SÃO PAULO  -  A Uber vem passando por uma crise de liderança desde o início do ano, quando vieram à tona denúncias de assédio sexual e de um aparente ambiente tóxico dentro da empresa. Em maio deste ano, após um vídeo do CEO da companhia, Travis Kalanick, discutindo de forma agressiva com um motorista do serviço, o próprio líder admitiu publicamente que precisava de ajuda como gestor da organização, avaliada em US$ 68 bilhões por investidores.

Uma investigação interna sobre a cultura da empresa resultou, nesta semana, na demissão de 20 funcionários, entre eles o diretor de negócios Emil Michael, conhecido como “braço direito” de Kalanick. Há relatos de que o conselho de administração discute a possibilidade de um afastamento temporário de Kalanick, como forma de “renovar as práticas de negócio da empresa”. A investigação analisou queixas dos funcionários de situações de assédio, discriminação, bullying e outros comportamentos anti-profissionais.

Um estudo da Alliance Manchester Business School, da Universidade de Manchester, apresentado em um evento da área de psicologia organizacional no início deste ano, pode ajudar a compreender de que forma esses comportamentos se propagam nas empresas — e sua relação com as chefias das organizações.


A pesquisadora Abigail Phillips analisou uma amostra internacional de 1.200 funcionários de empresas de diversos setores em busca dos efeitos de trabalhar com um chefe que apresente traços de comportamento psicopata — como impulsividade, pouco controle das próprias ações, e pretensão a manipular os outros — e narcisista, o que inclui sentimentos de grandeza e necessidade de ser admirado.

De acordo com Abigail, na medida em que esses traços de personalidade foram encontrados em gestores, maior era a prevalência de bullying no ambiente de trabalho, insatisfação com o emprego, estresse, depressão e de um comportamento improdutivo entre os subordinados.

Os resultados apontam ainda que, além dos efeitos no bem-estar das equipes, os funcionários também acabam desenvolvendo um comportamento tóxico. “Profissionais que se encontram nesse ambiente de trabalho são mais propensos a retaliar dirigindo sua frustração à organização, o que resulta em menos produtividade, ou a seus colegas, o que gera um aumento nos casos de bullying entre funcionários”, diz Abigail.

A pesquisa indica, segundo ela, uma necessidade de observar esse “lado negro” da personalidade na hora de selecionar profissionais para cargos de liderança, mas também que é possível que as companhias façam intervenções para diminuir esses comportamentos.

Segundo fontes, a Uber deve apresentar os resultados da investigação, junto com uma série de recomendações, para os 12 mil funcionários hoje. A empresa também planeja divulgar um resumo da investigação para o público.

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Joni Mengaldo

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Comentários

  • QUEM mais perde com isso é a empresa que investe em treinamento num funcionário, depois vem alguém que foi promovido não por ser capaz de lidar com pessoas mas sim porque foi bom em alguma coisa que em muitas vezes pode ser em  paparicar o gestor com babaquices mas ele gosta. Quando ganha o poder não se preocupa nas qualidades que o colaborador tem mas de como ele enxerga ele. Começa então as perseguições. É lamentável.

  • Esta pratica é muito comum ou seja, líderes que contaminam a empresa de forma negativa, colocando seu ego e interesses próprios acima do desenvolvimento e educação da empresa. Eles cometem um erro absurdo porque esta atitude não é sustentável, ou seja, no momento que abrem os olhos, e descobrem o mal que este líder faz....deve ser eliminado....ou se ainda existir esperança recupera lo.

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