Medicamento deve ser tomado uma vez ao dia para garantir proteção contra o vírus da Aids — Foto: Fernando Evans/G1
Diversas novidades foram apresentadas, como um implante para evitar o contágio ou um tratamento com menos medicamentos.
Nos últimos anos, o conceito de tratamento preventivo, ou profilaxia pré-exposição (PrEP), revolucionou a prevenção contra o vírus da AIDS. A prioridade é dada a certas populações, como homens que se relacionam com homens sem proteção ou prostitutas.
No futuro, o mesmo resultado poderá ser alcançado sem passar por um tratamento contínuo graças a um implante de “ação prolongada”. O primeiro teste clínico em seres humanos, descrito pela IAS como “preliminar, mas promissor”, estabeleceu após 12 semanas de uso que foi bem tolerado pelos 16 participantes.
Segundo seu autor, um pesquisador do laboratório americano Merck&Co, o implante poderia continuar a fornecer uma dose suficiente para “pelo menos um ano”. Mais estudos ainda terão de ser feitos para mostrar se o dispositivo oferece o mesmo nível de proteção ao HIV que os comprimidos. De qualquer forma, essa “poderia ser uma solução promissora para aqueles que têm dificuldades de cumprir o tratamento diário”, segundo o presidente da IAS, Anton Pozniak.
A conferência também foi a ocasião de apresentar um novo estudo sobre a aceitação e a eficácia da PrEP de anel intravaginal, que distribui um medicamento antirretroviral, a dapivirina, por um mês. “Estamos criando novas ferramentas que se adaptam às realidades da vida das pessoas”, afirmou Pozniak.
Alívio para quem vive com HIV
Vários projetos também buscam aliviar o cotidiano dos pacientes soropositivos e reduzir o custo do tratamento, mantendo o vírus inativo. As injeções antirretrovirais devem permitir, a partir de 2020, substituir os comprimidos diários por uma aplicação semanal. Outra opção apresentada durante a IAS é não tomar a terapia tripla todos os dias, mas em dias alternados, ou até menos.
Conduzido pela Agência Nacional Francesa de Pesquisa sobre a Aids, um estudo procurou revelar a eficácia de tomar comprimidos por quatro dias por semana. A redução da “carga de medicamentos” das pessoas com HIV também pode ser alcançada diminuindo para duas moléculas em vez de três.
Riscos para gestante
Na conferência, foram apresentados novos dados sobre o uso do antirretrovial dolutegravir (DTG) nas mulheres grávidas, ou em idade fértil. Comercializado pelo grupo ViiV Healthcare, este medicamento está no centro das atenções desde o ano passado, após a publicação de um estudo em Botsuana que destacou os perigos de más-formações cerebrais e da medula espinhal em crianças e mulheres tratadas com esta molécula (4 casos a cada 426 gestações).
Esses resultados criaram um dilema, porque o DTG é um dos melhores tratamentos contra o HIV atualmente no mercado. Ele é mais eficaz e mais fácil de usar do que outros medicamentos, além de ter menos efeitos colaterais e menos resistência.
Estudos adicionais apresentados esta semana tendem a mostrar que o risco de má-formações é, finalmente, “inferior ao relatado no ano passado”, com três nascimentos a cada 1.000 em Botsuana – contra um em cada 1.000 com outros medicamentos. Uma pesquisa brasileira não relatou nenhum caso.
Com base nisso, a OMS “recomenda fortemente que o dolutegravir seja a opção de tratamento preferencial para o HIV”, mesmo para as mulheres em idade fértil, “devido aos enormes benefícios que proporciona”. Mas a organização internacional destaca a importância de informar as mulheres sobre os riscos e de dar acesso aos serviços de planejamento familiar.
Fonte: O Globo
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