Testes moleculares auxiliam na conduta médica e reduzem custos e tempo de internamento

 

Entre os dias 15 e 18 de abril de 2023 ocorreu o 33º ECCMID (Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas), em Copenhague, na Dinamarca. Durante o evento, foram apresentadas novidades relacionadas aos setores de cuidados com a saúde, enfermagem e laboratórios. O congresso evidenciou a preocupação da área com ações preventivas, em vez de focar apenas em tratamentos e investigações. A maior parte das palestras mostraram como tendência a assertividade do diagnóstico molecular, que aprimora a conduta médica e traz resultados mais rápidos, diminuindo o tempo e os custos de internamento.

 

Painéis moleculares

Um dos principais destaques do congresso foram os exames realizados com a tecnologia da biologia molecular, principalmente os painéis moleculares, que se diferenciam de testes comuns por apresentarem uma solução em diagnóstico. Isso porque o emprego destes testes resulta em diversos impactos positivos como a farmacoeconomia e a diminuição de gastos hospitalares, pois um diagnóstico rápido e certeiro pode evitar dias de internamento e/ou remédios utilizados de maneira incorreta. Se o médico realizar um exame de biologia molecular logo no início dos sintomas, as chances de um diagnóstico assertivo e preciso aumentam muito e trazem benefícios não apenas à saúde do paciente, pois desde o princípio será tratado com a medicação correta, mas também às instituições, que poderão ter um melhor manejo e assistência em saúde, levando a uma melhor gestão de leitos, farmacoeconomia, e até mesmo à redução e a otimização de custos.

 

Resistência a medicamentos e disseminação de patógenos

Os problemas de resistência também foram amplamente debatidos. A resistência medicamentosa  gera preocupação, pois a cada vez em que um tratamento é interrompido ou não é realizado corretamente, muitas vezes devido a um diagnóstico tardio, ocorre a seleção de microrganismos resistentes e, em longo prazo, os medicamentos disponíveis para tratamento deixam de fazer efeito. Infelizmente, hoje já existem patógenos multirresistentes para os quais não existem mais medicamentos adequados.

A tuberculose também foi citada nas palestras. Apesar de ter tratamento, a doença ainda é uma das infecções mais mortais do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Todos os dias, mais de 4 mil pessoas morrem de tuberculose em todo o planeta, e cerca de 30 mil se infectam. O congresso destacou a questão da resistência medicamentosa e descobertas científicas sobre as mutações associadas à resistência. Uma das tendências para o futuro é o uso do NGS (sequenciamento de nova geração) como ferramenta diagnóstica dessas mutações, levando a uma melhor definição de tratamento.

O congresso também expôs uma grande preocupação em  diagnosticar de forma precisa patógenos respiratórios, diferenciando vírus de bactérias, bem como identificar qual o tipo de vírus está relacionado às infecções respiratórias, evitando assim sua disseminação e realizando um melhor manejo dos pacientes. 

 

ISTs

Outro problema de saúde pública abordado no evento foram as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Apesar de existirem formas de prevenção e cura para grande parte delas, todos os dias são registrados cerca de 1 milhão de novos casos no mundo.

Algumas ISTs, como a sífilis, a clamídia e a gonorreia, podem causar infecções no trato genital que têm potencial de ocasionar inflamação e infecção do útero e das trompas em mulheres. Isso pode aumentar o risco de parto prematuro ou aborto espontâneo. Em homens, a infecção é capaz de afetar a próstata e provocar problemas de ejaculação, que podem prejudicar a fertilidade. 

A detecção precoce e precisa da infecção é crucial para o tratamento eficaz da doença e a quebra da cadeia de transmissão para outras pessoas. Nesse sentido, o diagnóstico molecular possui ampla atuação. Bactérias como a clamídia, mycoplasmas e ureaplasmas são ISTs tratadas com antibióticos, e ter o diagnóstico correto facilita a medicação, diminuindo os riscos do paciente contaminar outras pessoas e do patógeno se tornar mais resistente. 

 

Fungos e novas metodologias diagnósticas

Além das discussões voltadas a vírus e bactérias, o congresso também promoveu diversas palestras relacionadas a infecções e resistências fúngicas.  Entre elas estava “O caso de Sporothrix brasiliensis”, ministrada pelo médico dermatologista e pesquisador do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), Dayvison Freitas. O fungo é  responsável por diversos casos de esporotricose em humanos, felinos e caninos ocorridos desde 1998, no Rio de Janeiro. A doença tem se espalhado pelo Brasil e por países vizinhos.

Ainda, no que concerne às metodologias diagnósticas, a implementação de metodologias cada vez mais sensíveis, como o NGS (sequenciamento de nova geração), foram amplamente debatidas e apresentadas como o futuro para uma assertividade cada vez maior no mercado diagnóstico. Como já mencionado, para Tuberculose, essa é a metodologia chave para os melhores diagnósticos e definições de tratamento.

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