Contém 1g pede recuperação judicial

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Quiosque da Contém 1g no Shopping Metrô Santa Cruz, em SP, em foto de 2011 (Foto: Divulgação)

G1

A empresa de cosméticos Contém 1g teve seu pedido de recuperação judicial aceito pela Justiça nesta semana.

A dívida da empresa, segundo o advogado Otto Willy Gübel Júnior, responsável pelo processo de recuperação judicial, está em R$ 40 milhões. O BNDESPar é credor de 25% desse valor porque comprou debêntures (títulos da dívida) da empresa.

“Ocorre que, em detrimento de um conjunto de fatores econômicos, aliados à crise econômica que o Brasil vem enfrentando, que será profundamente explanada em momento oportuno, as empresas sofreram forte impacto em suas atividades, o que culminou no caos financeiro que hoje se encontram. Assim, não restou alternativa senão a adoção da recuperação judicial, cujo plano apresentado no momento oportuno reorganizará o passivo do grupo Contém1g, fazendo com que este retome sua costumeira estabilidade, e, posteriormente, seu esperado crescimento econômico”, diz o pedido de recuperação da empresa.

Com o pedido de recuperação aceito, a empresa tem 60 dias para apresentar o plano, que será discutido antes com os credores. Segundo o advogado, o objetivo é pedir carência de 12 a 18 meses para começar os pagamentos.

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'Efeito devastador nas finanças'

A Contém 1g iniciou suas atividades em 1984, na cidade de São João da Boa Vista, interior de São Paulo, inicialmente no ramo de confecção e comercialização de camisetas de malha direcionadas ao público jovem.

Em 1993, o dono da empresa, Rogério Rubini, decidiu expandir os negócios para o ramo de cosméticos e perfumaria, investindo na produção e comercialização de perfumes por meio de venda direta.

Em 1997, o sistema de distribuição e de venda direta foi modificado para o chamado sistema multinível, ou marketing de rede, modelo comercial em que os ganhos podem vir da venda efetiva dos produtos ou do recrutamento de novos vendedores, diferente do chamado “esquema em pirâmide” por ter a maior parte de seus rendimentos oriunda da venda dos produtos, enquanto, na pirâmide, os lucros vêm, apenas ou maioritariamente, do recrutamento de novos vendedores.

Os distribuidores eram compensados por bonificações na medida em que conseguissem ampliar o mercado, recrutando novos revendedores, vinculados à sua coordenação.

Em 1999, a empresa lançou sua linha de maquiagem no mercado.

Nos anos 2000, percebendo a desaceleração do potencial de expansão de vendas, Rubini implantou um novo modelo, voltado para a comercialização dos produtos da marca no varejo, por meio de franquias, com lojas/quiosques espalhados pelo país.

A Contém 1g chegou a contar com mais de 20 mil revendedores diretos, 230 franqueados, 170 empregados diretos, com vendas de perfumes, loções e itens de maquiagem.

No ano de 2017, o faturamento das empresas do grupo somou R$ 114 milhões. Se comparado a 2016, houve um aumento de 60% no faturamento. Segundo a empresa, ainda que o aumento tenha sido expressivo, houve diminuição das margens de lucro, o que causou "efeito devastador nas finanças". Já no 1º semestre deste ano, faturamento caiu 53% na comparação com o mesmo período de 2017.

Atualmente, o grupo Contém 1g tem uma rede de 94 pontos de vendas, sendo 69 lojas e 25 quiosques franqueados, bem como revendedores que vendem produtos da marca. A empresa tem 95 funcionários.

A empresa não tem outros acionistas além de Rogério Rubini, segundo Otto Willy Gübel Júnior.

Questionado pelo G1 sobre como ficará a situação dos franqueados, Gübel Júnior disse que "todo o relacionamento com franqueados será priorizado".

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Marketing multinível foi 'herói e vilão'

No pedido de recuperação judicial, a empresa afirma que, com as finanças fortemente abaladas em virtude da crise que começou em 2014, foi preciso inovar, com o modelo de negócio de marketing multinível como uma alavanca de vendas e geração de novas oportunidades.

O modelo trouxe um “crescimento avassalador” das vendas, mas foi “herói e vilão”, segundo a empresa. O sistema não foi bem recebido por grande parte dos distribuidores, por ser complexo, trazendo dificuldades para administrar o volume de pedidos, de vendas e de pagamentos de bônus.

A empresa alega que o modelo de comercialização em rede trouxe revendedores sem conhecimento dos produtos nem preparo necessário. Houve ainda migração de líderes para os concorrentes, o que ocasionou diminuição de vendas.

Assim, com a implementação do novo sistema de vendas, houve um acentuado crescimento de faturamento nos últimos anos, mas esse crescimento de faturamento foi de forma pouco ordenada, o que fez com que a empresa entrasse em processo de retrocesso econômico.

Posição no mercado

Segundo a Euromonitor International, provedora global de inteligência estratégica de mercado, a Contém 1g está posicionada em 8º lugar entre as empresas do ramo de maquiagem do país, com participação de mercado de 2,4% no ano passado. Ficou atrás da Avon, que tem 22,2%, Natura (11,4%), Boticário (11,3%), Coty, L’Oreal, Mary Kay e Vult.

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