Uma versão mais “em conta” e que não pesa no bolso do consumidor, se comparado com os medicamentos de grandes laboratórios de referência, os genéricos ganharam credibilidade entre a população brasileira e, prova disso, é que segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) apontou que a sua prescrição no país aumentou 65% de 2015 a 2018.
A alternativa do “mais barato” foi prescrita em 34% das 115 milhões de receitas médicas emitidas entre fevereiro do ano passado e fevereiro deste ano. Conforme destaca a coordenadora do curso de Farmácia do UBM (Centro Universitário de Barra Mansa), Nylza Maria Tavares Gonçalves, é possível afirmar a segurança dos medicamentos genéricos. Segundo ele, a própria Anvisa, responsável pelo controle e registro de medicamentos no Brasil, diz que o genérico é equivalente ao medicamento de referência, uma vez que é administrado pela mesma via, com a mesma posologia e indicação terapêutica deste, apresentando, portanto, eficácia e segurança.
– A segura substituição do medicamento de referência pelo genérico é garantida pelos testes de equivalência terapêutica e bioequivalência que são apresentados obrigatoriamente a Anvisa, pelas indústrias farmacêuticas no ato do registro do medicamento genérico. Alguns fatores contribuíram para o aumento das prescrições de medicamentos genéricos e um deles foi o aumento da credibilidade destes medicamentos junto à população e a classe prescritora. O interesse de grandes indústrias farmacêuticas, na produção destes medicamentos, também contribuiu para a divulgação e consequente aumento das prescrições. Outro fator certamente são os preços mais baixos que permitem um maior acesso da população – observa a farmacêutica.
Ainda de acordo com ela, apesar do Ministério da Saúde disponibilizar medicamentos ou recursos financeiros no atendimento á atenção básica, os genéricos – que no Brasil são comercializados há 18 anos – ampliaram o aceso da população à saúde. Conforme destaca a coordenadora, o que é oferecido pelo governo ainda não é o suficiente para atender a demanda da população e, sendo assim, torna-se inquestionável a importância dos medicamentos genéricos frente a situação econômica do País.
– A situação do país muitas das vezes inviabiliza a compra dos medicamentos mais caro, e acredito que essa questão do preço do genéricos também influenciam numa maior procura – acrescentou.
Conforme orienta Nylza, no caso de dúvida sobre optar pelo medicamento genérico, o paciente deve procurar ajuda de um farmacêutico, que é o profissional capacitado para orientar a dispensação de medicamentos genéricos para a população. Hoje, segundo ela, 66% da população busca a orientação do farmacêutico no ato da compra dos seus medicamentos.
– Vale ressaltar que somente esse profissional poderá fazer a substituição do medicamento de referência prescrito pelo genérico, de acordo com a RDC nº10/01 – destacou a coordenadora.
Médico diz ter confiança na hora de prescrever
O médico Francis Bullos, que já passou por diversos postos de saúde de comunidades carentes em Barra Mansa e que, atualmente, atende no Programa de Saúde da Família da Vila Delgado, no bairro Ano Bom, diz confiar plenamente na eficácia dos medicamentos genéricos. Segundo ele, 70% das suas prescrições são desse tipo de medicação.
“Eu prescrevo, e muito, o genérico. Hoje, com o problema do desemprego, muitas pessoas migraram do planos de saúde para o SUS (Sistema Único de Saúde, e essas ainda conseguem ter o poder aquisitivo pra comprar remédio que não seja genérico. Mas, eu sempre dei preferência em prescrever o genéricos porque atendo muitas pessoas de baixa renda, que não têm condições de comprar, e porque confio plenamente na eficácia deles. Não vejo distinção entre genérico, ou não, exceto naqueles que exista alguma especificação que possa contra indicar e que aí nos faz ter que prescrever outro”, afirmou o médico.
A aposentada Maria José Dias, de 72 anos, faz uso contínuo de medicamentos para controle da pressão arterial e, periodicamente, precisa comprar remédios para um tratamento de artrose. Recebendo apenas um salário mínimo, ela conta que a saída para economizar e não ficar sem o medicamento, é apelar para os genéricos que, conforme conta, são indicados pelo próprio médico. O uso contínuo de medicamento para pressão foi indicado há cerca de oito e em todo esse período ela deu preferência para os genéricos.
“Não tenho o que reclamar e consigo bons resultados com o medicamento genérico, inclusive manter o controle da pressão. A diferença de preços é muito grande e, para quem ganha pouco, optar pelos remedidos de referência é quase impossível. Aqui em casa, xaropes para os meus netos, remédios para gripe, dor de cabeça, seja para o que for, só entre genérico, claro que com indicação médica ou de um profissional de farmácia”, disse aposentada.
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