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A tecnologia de edição genética Crispr recebeu aprovação regulatória no Reino Unido para o tratamento de anemia
Você já ouviu falar da tecnologia de edição genética Crispr? Ela pode mudar tudo na Medicina, pois permite fazer correções no DNA que causam doenças.
O tratamento por Crispr acaba de ser aprovado no Reino Unido para o tratamento de anemia falciforme e talassemia, duas condições graves que afetam o sangue. Informou o site Olhar Digital.
Grandes farmacêuticas, como a Vertex, demonstram interesse no setor, evidenciado pelo recente acordo de aquisição de direitos da Obsidian Therapeutics por US$ 600 milhões (aproximadamente R$ 3 bilhões).
(Imagem: Andrii Yalanskyi/Shutterstock)
O que é o Crispr?
Crispr é a sigla em inglês para Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats, ou seja, Repetições Palindrômicas Curtas Agrupadas e Regularmente Interespaçadas. Trata-se de um mecanismo encontrado em bactérias, que as ajuda a se defender de vírus. As bactérias cortam partes do DNA dos vírus e as incorporam ao seu próprio DNA, criando uma memória imunológica. O Crispr uma espécie de "tesoura genética".
Os cientistas descobriram que esse mecanismo pode ser usado para editar o DNA de qualquer organismo, bastando usar uma enzima chamada Cas9, que funciona como uma tesoura molecular. Assim, é possível cortar, inserir ou modificar trechos do DNA de forma precisa e eficiente.
Essa descoberta rendeu o Prêmio Nobel de Química em 2020 para as pesquisadoras Jennifer Doudna e Emmanuelle Charpentier, que desvendaram o funcionamento do Crispr/Cas9.
Como o Crispr pode tratar doenças?
O Crispr pode tratar doenças causadas por mutações genéticas, ou seja, alterações no código genético que levam a problemas no funcionamento das células. Algumas dessas doenças são a anemia falciforme e a talassemia, que afetam a produção de hemoglobina, a proteína que transporta oxigênio no sangue.
O tratamento com Crispr consiste em retirar células-tronco da medula óssea do paciente, editar o gene defeituoso usando o Crispr e devolver as células corrigidas para o paciente. Assim, as células-tronco podem se diferenciar em glóbulos vermelhos saudáveis, que não causam anemia nem obstruem os vasos sanguíneos.
Esse tratamento foi aprovado no Reino Unido, agora em novembro de 2023, após ensaios clínicos mostrarem resultados promissores. Os pacientes tratados com Crispr apresentaram melhora significativa na qualidade de vida e redução da necessidade de transfusões de sangue.
Quais são os benefícios e os desafios do Crispr?
O Crispr tem vários benefícios em relação aos métodos convencionais de tratamento de doenças genéticas. Ele é mais barato, mais rápido, mais preciso e mais duradouro do que outras terapias gênicas. Além disso, ele pode tratar doenças que não têm cura nem tratamento eficaz atualmente.
No entanto, o Crispr também enfrenta alguns desafios para se consolidar como uma revolução médica. Um deles é a segurança: há riscos de ocorrerem cortes indesejados no DNA ou de haver rejeição imunológica das células editadas. Outro desafio é o reembolso: ainda não está claro como os sistemas de saúde vão cobrir os custos desse tratamento inovador.
Além disso, há questões éticas envolvendo o uso do Crispr para editar genes humanos. Por exemplo, há o debate sobre a possibilidade de usar o Crispr para modificar características não relacionadas à saúde, como aparência física ou inteligência. Também há a preocupação com os efeitos a longo prazo e as consequências para as gerações futuras.
O Crispr é uma tecnologia de edição genética que pode mudar tudo na Medicina. Ele permite corrigir erros no DNA que causam doenças graves, como anemia falciforme e talassemia. Ele acaba de ser aprovado no Reino Unido para o tratamento dessas condições e espera-se que seja aprovado em outros países em breve.
O Crispr tem vários benefícios em relação aos métodos convencionais de tratamento de doenças genéticas, mas também enfrenta alguns desafios, como segurança, reembolso e ética. Por isso, é importante acompanhar os avanços dessa inovação e os seus impactos na saúde e na sociedade.
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