Itapira (SP) ganhou primeiro laboratório farmoquímico da indústria, comandada por Ogari de Castro Pacheco
A primeira planta farmoquímica oncológica da América Latina foi inaugurada no início do mês pelo Laboratório Cristália na cidade de Itapira, no interior paulista. Com 3 mil metros quadrados e aporte de R$ 150 milhões, a fábrica já está em plena operação, produzindo oito diferentes Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs) de Alta Potência, que serão utilizados em medicamentos para o tratamento de adenomas, câncer de mama, pulmão, medula, ossos e cérebro.
O investimento vai ao encontro do objetivo da indústria de fortalecer sua atuação em nichos de mercado, como a fabricação de remédios contra doenças complexas. “O Brasil importa 100% dos insumos para a produção de medicamentos contra o câncer. Isso não apenas torna o país dependente de insumos estratégicos, como reduz o acesso dos pacientes a tratamentos de ponta. Mas podemos mudar essa realidade”, avalia Ogari de Castro Pacheco, cofundador do laboratório.
Até então, o Cristália era obrigado a importar os IFAs para a produção desses medicamentos. Por conta disso, a companhia realizou um levantamento dos princípios ativos que o país mais necessitava e foram elencadas 18 moléculas. Do total, oito já estão em produção e, nos próximos dois anos, a previsão é de completar os dez insumos restantes, com planos de exportá-los.
O laboratório investe cerca de 4% do faturamento anual na criação de novos medicamentos ou tecnologias inovadoras para a saúde. A trajetória no segmento farmoquímico começou em 1983, ano em que foi inaugurada a primeira unidade de produção de IFAs. “O Brasil ainda importa 90% dos IFAs necessários à produção de medicamentos. Nós já produzimos 53% dos insumos que utilizamos. Nossa meta é reduzir drasticamente nossa dependência nesta área”, afirma o executivo.
O Cristália é líder na América Latina na área de anestesia e analgesia. “Sempre buscamos nos especializar em nichos, com produção de moléculas especiais onde possamos ter uma presença mais forte. Foi por essa razão que optamos por não entrar no mercado de genéricos”, explica Pacheco. Segundo ele, a companhia tem planos de abrir uma nova unidade, também voltada para produtos com muita carência de fabricação no país. “Estamos trabalhando com três moléculas destinadas ao tratamento de doenças, que hoje dispõem de uma terapia muito rarefeita, e que demandam alto nível de conhecimento técnico”, ressalta.
Com faturamento 12% acima no primeiro semestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, a empresa possui 200 itens em seu portfólio e 107 patentes a nível mundial, sendo recordista nacional. O segmento farma representa 22% do faturamento. O grupo conta com cerca de 5.500 colaboradores, considerando as empresas coligadas, como os Laboratórios Sanobiol, BioChimico e IMA.
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