Decisão sobre glifosato nos EUA traz novo impacto à Bayer

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Alvo de processos nos EUA, glifosato é considerado ferramenta fundamental para o sistema de plantio direto usado no Brasil

Diogo Zanatta / Especial

Vai bem além da mera derrota nos tribunais o impacto do resultado inicial de outra ação movida nos Estados Unidos contra a multinacional Bayer. Com o herbicida glifosato novamente no banco dos réus, sob a acusação de ter relação com o câncer do americano Edwin Hardeman, a empresa alemã viu, somente ontem, o valor de suas ações despencarem 10,9% na Bolsa de Frankfurt.

A queda chegou a estar em patamares ainda maiores, logo depois que veio a público a decisão da primeira fase do julgamento, em que o júri entendeu que o produto havia sido “um fator importante” no desenvolvimento da doença.

A segunda fase começou ainda ontem e terá um viés mais técnico – essa divisão atende a pedido da empresa, que agora tentará mostrar que o produto é seguro. “Estamos confiantes de que as evidências mostrarão que a conduta da Monsanto (marca agora da Bayer) foi apropriada e que a empresa não deve ser responsabilizada pelo câncer que acometeu o Sr. Hardeman”, disse a empresa em comunicado.


Independentemente do desfecho, o impacto virá. Porque este não é o primeiro processo – no ano passado, o jardineiro Dewayne Johnson ganhou indenização milionária contra a empresa, também por relacionar câncer ao uso do glifosato – e não deve ser o último.

Segundo agências de notícias, em fevereiro, havia 11,2 mil processos sobre a toxicidade do herbicida pendentes nos EUA.

Ao falar sobre o produto, na Expodireto-Cotrijal, Márcio Santos, diretor comercial da divisão agrícola da Bayer no Brasil, fez distinção entre ciência e crença, afirmando que é uma vez que alguém acredita em algo, é muito difícil mudar o conceito. E comparou:

– Meus experimentos estão tentando convencer os palmeirenses de que o Corinthians é melhor. Não basta dado, evidência.

Está aí, talvez, o maior problema da multinacional. Porque não é no campo que o uso do glifosato é questionado. Pelo contrário. O sistema de plantio direto no Brasil depende do produto. Mas fora das lavouras, crescem a polêmica e os questionamentos sobre efeitos do uso.

No Brasil, a Anvisa deu, no mês passado, parecer técnico da reavaliação toxicológica recomendando a manutenção da venda do herbicida por entender que “não apresenta características mutagênicas, teratogênicas e carcinogênicas, não é desregulador endócrino e não é tóxico para a reprodução”. A decisão nos EUA deve, no entanto, alimentar novas considerações na consulta pública, que está aberta.

Fonte: Zero Hora

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