Colunista: Mariza Tavares
22/10/19 - Na semana passada, um amplo estudo publicado no “Annals of Internal Medicine” indicou que abordagens não farmacológicas, como massagem ou terapia do toque, podem ser mais eficientes que medicamentos para reduzir comportamentos de agitação e agressividade de pacientes com demência. Tratamentos alternativos já são usados no manejo dos sintomas neuropsiquiátricos; entretanto, apesar dos riscos dos efeitos colaterais, a prescrição de antidepressivos e antipsicóticos é amplamente disseminada.
Pesquisadores da Universidade de Toronto (Canadá) revisaram 163 estudos, que abrangiam mais de 23 mil pacientes, comparando intervenções para tratar agressão e agitação em adultos com demência. Os resultados mais favoráveis apontavam para abordagens que utilizavam massagem, toque terapêutico, musicoterapia e recreação para estimulação cognitiva, em comparação com a medicação convencional.
Essa discussão não é recente. Em outro trabalho, especialistas de diversas instituições de pesquisa, incluindo a Universidade de Michigan e a Johns Hopkins, em Baltimore – ambas nos EUA – haviam chegado ao consenso de que a chamada “abordagem não farmacológica”, ou seja, sem medicamentos, deveria ser a primeira opção. O foco no paciente determinaria as atividades compatíveis com suas necessidades.
Além disso, é fundamental adaptar o ambiente de maneira que se torne o mais acolhedor possível, o que inclui o treinamento de cuidadores. Um exemplo: o fim do dia pode ser um período difícil para pacientes com Alzheimer. Um em cada cinco apresenta um comportamento de agitação e desorientação, causado pelas sombras e diminuição da luz, mas essa angústia pode ser minimizada com uma iluminação que leve em conta essas necessidades. Pode ser mais trabalhoso, mas investigar os “gatilhos” que provocam esse tipo de comportamento pode resultar em adaptações que trarão um bem-estar maior para o doente. Não se trata de abolir completamente os medicamentos, mas considerar alternativas que não resultem apenas na contenção química de um ser humano.
(*) Mariza Tavares é Jornalista, mestre em comunicação pela UFRJ e professora da PUC-RIO, Mariza escreve sobre como buscar uma maturidade prazerosa e cheia de vitalidade.
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