A falta de antibióticos como amoxicilina e paracetamol já ganha escala global. A nova escalada da Covid-19 na China restringiu mais uma vez as exportações do gigante asiático, responsável por mais de 90% dos insumos farmacêuticos e médicos utilizados em nível global. E grandes mercados como Estados Unidos e França sentem os efeitos. As informações são de agências de notícias internacionais.
Na última quinta-feira, dia 29, a Federação dos Sindicatos Farmacêuticos da França (FSFF) anunciou que o Ministério da Saúde tomaria medidas concretas para assegurar a distribuição desses medicamentos a todo o território nacional.
“A falta de medicamentos aumentou 15% em relação ao ano passado e 3.000 moléculas têm problemas na cadeia de fornecimento. Neste momento, falta particularmente paracetamol e amoxicilina”, afirmou Pierre-Olivier Variot, presidente da União dos Sindicatos dos Farmacêuticos de Farmácias (USPO). O estoque tanto da amoxicilina como do paracetamol está escasso principalmente sob a forma pediátrica. E as autoridades locais alertam que o problema tende a durar até março.
A falta de antibióticos, em especial a amoxicilina, foi relatada nos EUA e no Canadá. Alguns farmacêuticos norte-americanos também relataram escassez de medicamentos comuns para alívio da dor, similares ao paracetamol. Isso porque uma onda de gripe no inverno, vírus sincicial respiratório (RSV) e casos de Covid-19 alimentam a demanda. Medicamentos para tratar infecções como tuberculose e doenças de pele também foram afetados.
O epidemiologista chinês Eric-Feigl-Ding, que integra um comitê de especialistas sobre Covid na ONU, o fim das restrições sanitárias no país incentivou a nova onda. Segundo informações do UOL, o médico e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Alexandre Naime Barbosa, atribui também a situação da China à residência de idosos a se vacinar e a utilização restrita à primeira geração de imunizantes – ainda não adaptada à variante ômicron.
A OMS informa que a China vacinou 89% da população com duas doses, mas somente 57% receberam doses de reforço.
Escassez já é percebida no Brasil
Infectologista da Fundação Oswaldo Cruz, Júlio Croda acompanha de perto esse panorama e alertou em entrevista à CNN. “Os chineses estão utilizando mais os produtos e a oferta pode diminuir a ponto de não termos equipamentos de proteção necessários”.
Para o especialista, outro risco está associado à possibilidade do surgimento de uma nova variante. “Quando temos maior transmissão do vírus, há risco de um nova variante que pode escapar da resposta imune e ser responsável por uma onda de casos aqui no Brasil”, declarou.
Embora com um leve recuo no início de dezembro, o volume de resultados positivos da Covid-19 após os testes rápidos realizados nas farmácias permanece superior a 30%.
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