A empatia e o apoio são essenciais para o tratamento desse transtorno. Conheça os sintomas e saiba como procurar auxílio
A depressão faz parte da sua vida, de uma forma ou de outra. É muito provável que você conheça alguém que tem o problema, que é muito mais comum do que se pensa: atinge 300 milhões1 de pessoas no mundo, sendo 11,5 milhões2 no Brasil – no nosso país, só em 2016, o transtorno foi motivo para o afastamento do trabalho de mais de 75 000 pessoas.3
E talvez você mesmo esteja experimentando, nesse momento, aquela sensação constante de que o mundo é cinzento e sem gosto. Nada empolga e é muito difícil dormir ou comer.
Independentemente do “lado” em que você se encontra, a pergunta é a mesma: o que fazer?
Para começar, é fundamental aprender a conversar sobre o problema. Quem sofre de depressão precisa de uma companhia para conversar de peito aberto, sem julgamentos nem preconceitos. Para essas pessoas, existe um excelente remédio: a empatia.
style="display:block; text-align:center;" data-ad-layout="in-article" data-ad-format="fluid" data-ad-client="ca-pub-6652631670584205" data-ad-slot="4150813131">Empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro, ouvi-lo e aceitá-lo. Dessa forma, conseguimos entender melhor o comportamento das outras pessoas, mesmo que a gente não esteja passando exatamente pela mesma situação.
E isso pode fazer toda a diferença. Muitas vezes, basta estar por perto de maneira sincera e carinhosa, à disposição para interagir, sem julgamentos.
Por isso, saiba como agir se você perceber que um amigo, parente ou colega de trabalho está apresentando algum sinal de depressão. E esteja pronto para dar todo o apoio:
Quero Ajudar
1. Afinal, o que é depressão?
Trata-se de um transtorno conhecido há vários milênios. Ele consiste em uma série de sintomas que fazem a pessoa perder o interesse e o prazer pela vida, aparentemente sem motivo. A medicina sabe que a depressão provoca alterações no organismo, como dores, inflamações e baixa imunidade. As causas não são muito claras, mas sabe-se que a genética tem grande influência.4
2. Como saber se a pessoa tem depressão?
Não existe um teste laboratorial para o transtorno – não é algo que se descubra fazendo um exame de sangue, por exemplo. Mas, ao longo de uma extensa história de estudos da depressão, iniciada no século 5 a.C. com o grego Hipócrates,6 a medicina chegou a uma lista de sintomas. Além de humor deprimido, o paciente experimenta, diariamente, na maior parte do tempo, por pelo menos duas semanas consecutivas, outros quatro dos seguintes sintomas:7
- perda ou aumento de apetite;
- perda ou aumento de sono;
- perda ou ganho de peso;
- fadiga;
- sentimento de inutilidade e baixa autoestima;
- pensamento de morte;
- dificuldade de atenção e memorização;
- dificuldade para tomar decisões;
- redução do desejo sexual;
- agitação ou redução drástica da velocidade da fala e dos movimentos;
- dor de cabeça.
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Depressão é... um transtorno causado pelo desequilíbrio do sistema nervoso.
Depressão não é... preguiça, mau humor, estresse, desânimo, cansaço, tristeza e falta de motivação. 5
O que acontece no cérebro?8
Os neurotransmissores cerebrais ligados à sensação de bem-estar, em especial noradrenalina e serotonina, sofrem alterações. O resultado é uma mudança no funcionamento do córtex pré-frontal, que executa atividades cognitivas, do sistema límbico, que regula as emoções, e do hipotálamo, ligado à fome, ao sono e à libido.
3. Não é só tristeza?
Depressão não tem nada a ver com tristeza. Alguns sintomas até podem ser parecidos, mas são problemas diferentes. Todo mundo fica triste, por horas ou dias, geralmente quando perde algo (o emprego, por exemplo) ou alguém (o pai, um amigo). Mas a depressão dura mais tempo e envolve outros sinais.5
4. O que ajuda a sair dessa?
Be-a-bá de um papo5
Você acha que um conhecido ou familiar está exibindo sintomas do problema? Siga três passos para começar uma conversa:
1. Faça para a pessoa uma pergunta clara e objetiva: “Você está bem?”
2. Deixe a pessoa falar à vontade. Não interrompa, nem tente consolá-la com frases do tipo “mas você tem tudo na vida” ou “isso vai passar”.
3. Convença a pessoa a procurar ajuda profissional. Explique a ela que esse é um problema médico que pode ser tratado.
Além dos tratamentos tradicionais, existem várias estratégias para evitar crises.5 Que tal estimular e ajudar uma pessoa deprimida a:
- praticar esportes;
- fazer caminhadas e atividades ao ar livre;
- meditar;
- dedicar-se a um hobby relaxante, como pintura ou música;
- alimentar-se de forma balanceada;
- interagir com animais de estimação.
E não esqueça: a pessoa que tem depressão, ou propensão a desenvolvê-la, precisa de ajuda médica. Além disso, conversar sempre ajuda, e muito. É importante se colocar no lugar da outra pessoa e entender por onde estão passando seus pensamentos, quais são suas motivações e seus limites.
Preciso de ajuda
1. Existe tratamento?
Sim! É possível tratar a depressão. Existem basicamente três técnicas: psicoterapia com psicólogos ou psicanalistas, medicação ou, em casos extremos, terapia eletroconvulsiva – que, diferentemente do que os filmes indicam, não é tortura, não dói e nem deixa sequelas. O tipo de tratamento deve ser estabelecido por um profissional de saúde. A medicação, por exemplo, precisa ter dosagem controlada e resultados monitorados de perto.9
2. Com quem posso contar?
A baixa autoestima e a sensação de ser um peso para os outros fazem parte do quadro de depressão. Por isso, é muito comum que a pessoa que tem o problema não procure ajuda. Além disso, muita gente ainda se recusa a ver depressão como doença.5
Mas acredite: se você está experimentando sinais do problema, tenha certeza de que existe alguém por perto disposto a ajudar. Converse com alguém em que você confia: um familiar, um amigo, um professor. Também procure ajuda médica especializada. Um profissional de saúde é experiente e poderá indicar o melhor curso de ação para um tratamento adequado (além de garantir o sigilo, então não precisa se preocupar). Desabafar faz bem! E pode salvar vidas.
Consultoria
Psiquiatra Neury Botega, professor do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da Unicamp e autor de A Tristeza Transforma, a Depressão Paralisa
Fonte: Medley
Referências:
1. Organização das Nações Unidas [homepage na internet]. Depression – Key facts [acesso em 01 out 2018]. Disponível em: http://www.who.int/newsroom/ fact-sheets/detail/depression.
2. Nações Unidas no Brasil [homepage na internet]. OMS registra aumento de casos de depressão em todo o mundo; no Brasil são 11,5 milhões de pessoas [acesso em 01 out 2018]. Disponível em: https://nacoesunidas.org/omsregistra- aumento-de-casos-de-depressao-em-todo-o-mundo-no-brasil-sao-115- milhoes-de-pessoas/.
3. Programa Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho [homepage na internet]. Mais de 75 mil pessoas foram afastadas do trabalho por depressão em 2016 [acesso em 01 out 2018]. Disponível em: http://www.tst.jus.br/web/trabalhoseguro/programa/- /asset_publisher/0SUp/content/mais-de-75-mil-pessoas-foram-afastadas-dotrabalho- por-depressao-em-2016?inheritRedirect=false.
4. DSM 5. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. 5ª edição, São Paulo: Artmed, 2014. p. 166.
5. Botega N. Entrevista concedida a Tiago Cordeiro. São Paulo, set. 2018.
6. The Noonday Demon: An Atlas of Depression, Andrew Solomon, Nova York: Scribner, 2015. p. 31.
7. DSM 5. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. 5ª edição, São Paulo: Artmed, 2014. pp. 161, 163-164.
8. Harvard Medical School [homepage na internet]. What causes depression? [acesso em 19 out 2018]. Disponível em: https://www.health.harvard.edu/mindand- mood/what-causes-depression.
9. Up to Date [homepage na internet]. Patient education: Depression treatment options for adults [acesso em 19 out 2018]. Disponível em https://www.uptodate.com/contents/depression-treatment-options-for-adultsbeyond- the-basics.
SABRAGE.MDY.18.10.0335
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