Correio Braziliense
Uma nova pesquisa publicada na revista Diabetologia, o jornal da Associação Europeia para o Estudo do Diabetes, sugere uma possível associação entre casos leves de covid-19 e o diagnóstico subsequente de diabetes tipo 2. A análise de registros de saúde de 1.171 pacientes na Alemanha, descobriu que os adultos que se recuperam, principalmente, da forma branda da infecção parecem ter um risco significativamente maior de desenvolver a condição metabólica tipo 2 do que um grupo de controle, teve outros tipos de infecções respiratórias virais.
Se confirmados, esses resultados indicam que a triagem de diabetes em indivíduos após a recuperação de formas leves de covid-19 deve ser recomendada, dizem os pesquisadores. Essa potencial ligação entre a doença infecciosa e a metabólica está sendo investigada por vários grupos de pesquisa que analisam os sintomas da covid longa.
Estudos anteriores observaram que a inflamação causada pelo Sars-CoV-2 pode danificar as células beta produtoras de insulina, fazendo com que morram ou mudem a forma como funcionam, resultando em hiperglicemia aguda (glicose alta no sangue). Acredita-se que uma possível causa é o fato de os tecidos se tornarem menos reativos à substância devido à inflamação. Estilos de vida sedentários também podem desempenhar um papel. Segundo os autores, isso pode explicar por que a hiperglicemia de início recente e a resistência à insulina foram relatadas em sobreviventes da infecção, sem histórico prévio de diabetes.
No entanto, não está claro se essas alterações metabólicas são temporárias ou se pessoas com covid podem ter maior risco de desenvolver diabetes crônica. Além disso, faltam estudos que investiguem a incidência da doença após a recuperação da infecção por Sars-CoV-2 em casos leves.
Acompanhamento
Agora, os pesquisadores alemães, da Universidade Heinrich Heine, descobriram que novos casos de diabetes tipo 2 eram mais comuns em pacientes que testaram positivo para covid-19 do que aqueles com outras infecções virais (15,8 vs 12,3 por 1 mil, anualmente). Isso significa que o risco relativo de desenvolver o distúrbio metabólico no grupo do Sars-CoV-2 foi 28% maior.
“Como os pacientes foram acompanhados apenas por cerca de três meses, é necessário um acompanhamento adicional para entender se o diabetes tipo 2 após a covid leve é apenas temporário e pode ser revertido após a recuperação total, ou se isso leva a uma condição crônica”, destaca um dos autores, Wolfgang Rathmann. Os responsáveis pelo estudo recomendam que qualquer pessoa que se recupere da infecção esteja ciente dos sinais e sintomas de alerta, como fadiga, micção frequente e aumento da sede, e procure tratamento imediatamente.
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