Por Ana Bottallo
Novo em folha
Márcia Bonilha, 61, gosta de contar suas conquistas mais recentes: duas graduações, uma pós-graduação e um livro de contos. Além dos seis netos.
Ela convive há 20 anos com a esclerose múltipla, uma doença neurológica em que as células do sistema imunológico destroem a capa protetora dos nervos, gerando falha na comunicação entre o cérebro e o corpo.
Bonilha, o neurologista Rodrigo Thomaz e o diretor-médico da Roche Farma Brasil, Lênio Alvarenga (Roche/Divulgação)
Márcia contou sua experiência em evento sobre esclerose múltipla realizado pela Folha, em parceria com a Roche, na terça-feira (26) na sede do jornal.
O problema atinge principalmente mulheres jovens (entre 20 e 40 anos). Os sintomas são perda de visão, formigamento, fadiga e comprometimento da função motora.
Segundo o neurologista Rodrigo Thomaz, do Hospital Israelita Albert Einstein, a esclerose múltipla é a doença neurológica mais tratável que existe. “Se detectada no início, é possível diminuir a evolução do quadro”, afirma.
Mas o diagnóstico precoce é o maior desafio em uma sociedade em que poucos conhecem a doença, segundo Thomaz. É por isso que muitos pacientes recebem o diagnóstico errado _caso da Márcia, que passou por três médicos até descobrir o que tinha.
E enfrentou também o preconceito. “Achavam que eu estava bêbada às 9 horas da manhã, recebia olhares negativos no meu prédio, porque as pessoas não entendem”, diz Márcia, ao contar sobre a dificuldade de andar.
style="display:block; text-align:center;" data-ad-layout="in-article" data-ad-format="fluid" data-ad-client="ca-pub-6652631670584205" data-ad-slot="1871484486">De acordo com o neurologista Rodrigo Thomaz, esse tipo de problema não é incomum. Ele lembrou a história de uma paciente que engessava a perna sem necessidade. Assim, evitava os olhares críticos ao seu andar pouco firme.
Para o diretor-médico da Roche Farma Brasil, Lênio Alvarenga, o avanço no conhecimento permitiu produzir medicamentos que atacam o mecanismo celular e impedem a progressão da doença, garantindo maior qualidade de vida aos pacientes.
Pesquisas sobre o processo de reparo celular das lesões também podem auxiliar em tratamentos. “Esse é o futuro, e toda a informação que temos hoje dos pacientes vai nos ajudar a entender melhor.”
O que os médicos já sabem é que possível melhorar a qualidade de vida dos pacientes oferecendo uma solução distinta para cada caso. “O tratamento individualizado também é discutir com o paciente quais são suas expectativas”, diz Thomaz.
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