Valor Econômico
Jornalista: Marília de Camargo Cesar
20/05/20 - O volume de doações destinadas a amenizar os impactos da pandemia da covid-19 ultrapassaram na segunda-feira a marca de R$ 5 bilhões, somando, ontem, exatos R$ 5,093 bi. Os dados são da Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR).
A marca foi alcançada após o registro de uma nova doação de R$ 50 milhões feita por membros das famílias Setubal e Villela, controladoras do Itaú Unibanco, enquanto pessoas físicas, e de outros R$ 50 milhões por parte da holding Itaúsa - controladora do Itaú Unibanco, Duratex, Alpargatas e NTS. O dinheiro irá para a aliança Todos pela Saúde, criada pelo banco para coordenar doações e fortalecer o sistema de saúde para combater a pandemia.
“Estamos vivendo uma situação sem precedentes e de alto impacto para todos. É hora de nos unirmos e sermos solidários uns com os outros. Vamos fazer o que for possível para proteger nossos colaboradores, suas famílias e para ajudar a população a superar o mais rápido possível as consequências da covid-19”, disse, em nota, Henri Penchas, presidente do Conselho de Administração da Itaúsa.
“Temos absoluta consciência da gravidade da situação e reafirmamos nossos valores empresariais éticos e de solidariedade”, afirmou Alfredo Setubal, presidente da Itaúsa.
Pelos cálculos da ABCR, dos R$ 5 bilhões doados, R$ 1,352 bilhão está ligado ao Grupo Itaú ou às famílias controladoras e suas fundações. “É impressionante observar a veia para filantropia dessas famílias, que têm o dedo em várias grandes iniciativas”, afirma Márcia Woods, presidente da ABCR.
Ela comemora também o crescimento no número de doares registrados pelo monitor da ABCR. De domingo até ontem, o total subiu de 230 mil para 313 mil doadores, um acréscimo de 83 mil doadores em dois dias úteis.
Para Márcia, os R$ 5 bilhões representam um volume de recursos expressivo, ainda mais porque foram levantados em 49 dias, considerando o início dos registros, em 31 de março, até o dia 18.
É quase o dobro, por exemplo, do que os 160 associados ao Grupo de Institutos Fundações e Empresas (Gife) investem, juntos, anualmente em ações sociais: R$ 2,9 bilhões, segundo o site da instituição. “Os dados do Gife são uma boa referência para mensurar as doações, porque no Brasil, infelizmente, não temos um retrato mais amplo e preciso do que seja o movimento de filantropia”, observa Márcia.
De acordo com o levantamento da associação, 34% dos recursos doados no Brasil para auxiliar na pandemia até ontem vieram do sistema financeiro, 15% do setor de alimentos e bebidas, 11% da indústria de mineração e 7% de campanhas de doação e crowdfunding.
A presidente da ABCR lamenta que as instituições que recebem os recursos, na verdade, levam bem menos do que os valores doados, porque têm que pagar ITCMD - Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação, definido pelos Estados e que pode chegar a 8%. “Incide sobre doações e heranças, sem fazer distinção se é um dinheiro de interesse público. É um imposto muito ruim”, afirma.
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