Dois ex-diretores de uma rede farmacêutica foram julgados nos Estados Unidos por terem validados receitas médicas de opioides que sabiam que eram fraudulentas.
Essa é a primeira vez em que diretores ou ex-diretores farmacêuticos são processados penalmente, em meio à crise que os Estados Unidos enfrentam, com dezenas de milhões de overdoses em jogo.
Os diretores foram processados em um caso relacionado com opioides, um analgésico muito poderoso com alto risco de criar vícios.
O antigo empregador dos acusados, a firma Rochester Drug Cooperative (RDC), fez um acordo de colaboração com o procurador federal de Manhattan, Geoffrey Berman, e aceitou pagar uma multa de 20 milhões de dólares.
A RDC reconheceu ter "fracassado em identificar e comunicar receitas suspeitas de medicamentos por parte das farmácias" de 2012 a 2017, disse em comunicado transmitido pelo grupo à AFP.
Em troca do reconhecimento de alguns fatos, do pagamento da multa e do compromisso de reformar suas práticas, a empresa obteve uma suspensão dos processos penais e manteve sua permissão para funcionar.
A RDC é uma das dez maiores empresas do setor farmacêutico nos Estados Unidos, com cerca de 1.300 farmácias e um faturamento anual estimado em mais de US$ 1 bilhão, segundo documentos publicados na terça-feira pelos serviços do procurador Berman.
Segundo a investigação, o grupo não relatou menos de 2.000 receitas de medicamentos suspeitos, cuja distribuição é controlada pela agência americana de combate às drogas (DEA).
"Sob a direção de (Laurence) Doud (presidente de 1991 a 2017), RDC entregou dezenas de milhões de (pílulas) de Oxicodona, Fentanil e outros opioides (potencialmente) perigosos" nas farmácias, cujos funcionários de RDC sabiam ou tinham informado seu chefe "que os distribuíam indivíduos que não precisavam do medicamento", afirma a acusação.
Doud foi preso na terça por associação criminosa para distribuir entorpecentes.
O ex-diretor de compliance da RDC, William Pietruszewski, se declarou culpado das mesmas acusações, bem como de não cumprir seu dever de informar as autoridades.
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* AFP
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