por Valor Econômico
A americana UnitedHealth Group, dona da Amil, está colocando mais R$ 10 bilhões no Brasil. Deste total, R$ 8 bilhões são para a aquisição da Ímpar, rede de hospitais da família Bueno. Além disso, a UnitedHealth planeja um aporte de R$ 2 bilhões para a criação de uma rede de clínicas médicas populares em parceria com a Dasa, empresa de medicina diagnóstica também controlada pela família Bueno, segundo o Valor apurou. Em 2012, a UnitedHealth pagou cerca de R$ 10 bilhões pelo controle da Amil e, desde então, vem investindo fortemente em aquisições, que somam mais de 20 nesse período, e numa profunda reestruturação na operação brasileira.
Ainda de acordo com fontes, o modelo dessa nova rede é diferente das clínicas populares que existem atualmente no mercado, que oferecem basicamente consultas médicas e alguns exames. O projeto prevê que essas clínicas funcionem como ambulatórios e sejam feitas parcerias com hospitais para procedimentos de maior complexidade e com a Dasa para realização de exames com menor custo.
As negociações entre a UnitedHealth e a família Bueno para aquisição da Ímpar e o aporte em parceria com a Dasa ainda estão em andamento. Procuradas pela reportagem, a UnitedHealth Group Brasil informou que tem por política não comentar rumores de mercado. A Dasa, por sua vez, informou que está em período de silêncio devido à emissão de debêntures.
Com uma rede de ambulatórios voltada para o público popular, a Amil poderá concorrer diretamente com as operadoras de planos de saúde NotreDame Intermédica e Hapvida que atendem a classe C com uma ampla rede própria. A Intermédica é dona de 67 clínicas médicas e 18 hospitais e a Hapvida tem 74 centros clínicos e 25 hospitais. Essas duas operadoras pretendem abrir o capital, neste segundo trimestre, para levantar cerca de R$ 6 bilhões, segundo fontes. Parte desses recursos será usada para ampliar a presença de ambas em várias regiões do país (ver abaixo).
Segundo fontes, a família Bueno queria algo em torno de R$ 10 bilhões pelos hospitais da Ímpar. Esse valor leva em consideração os múltiplos negociados pelo fundo Carlyle e pelo GIC (fundo soberano de Cingapura) para aquisições de participação na Rede D'Or, em 2015. A Ímpar é um dos ativos mais cobiçados devido à reputação de seus hospitais: 9 de Julho e Santa Paula (SP), São Lucas e Complexo Hospitalar Niterói (RJ), Hospital Brasília e Maternidade Brasília (DF). Nos últimos três anos, a rede hospitalar recebeu investimento de mais de R$ 1 bilhão e em 2017 apurou faturamento de cerca de R$ 2,5 bilhões.
A Amil, cuja receita do grupo gira em torno de R$ 20 bilhões, vem dando especial atenção ao negócio de hospitais. Em 2016, dividiu a companhia em três áreas: convênios médico e dental, hospitais e tecnologia para o setor de saúde. O negócio de hospitais, batizado como Americas Serviços Médicos, tem 21 hospitais que atendem tanto os usuários dos planos de saúde da Amil como das demais operadoras e seguradoras de saúde. Recentemente, a Amil comprou o Hospital Pitangueiras, do Grupo Soban, em Jundiaí (SP), mas essa transação ainda depende de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Hoje, a Amil possui ainda 13 hospitais que atendem exclusivamente seus usuários. A operadora é a maior do país, com 5,8 milhões de clientes de convênios médico e dental.
Além da Ímpar, a família Bueno negocia uma fatia de cerca de 10% da Amil não vendida ao grupo americano em 2012. Na época, a UnitedHealth quis manter essa participação com o fundador da operadora, Edson Bueno, como garantia caso surgisse alguma contingência nos anos seguintes à aquisição e para que o empresário, que morreu há um ano, permanecesse à frente da Amil. Segundo fontes, a United pode exercer o direito de compra dessa participação até 2020.
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