MERCADO

Em relatório sobre a situação econômica global, ONU projeta contração de 3,2% na economia mundial, ante alta de 2,1% esperada no começo do ano. Para o ano que vem, a expectativa é de recuperação com 4,1%

Por Assis Moreira — De Genebra

Valor Econômico

A economia global deverá perder cerca de US$ 8,5 trilhões em produção em 2020 e 2012 por causa da covid-19, anulando quase todos os ganhos dos últimos quatro anos, segundo estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU).

Em relatório sobre a situação econômica global, a ONU projeta contração de 3,2% na economia mundial ante alta de 2,1% esperada no começo do ano. Para o ano que vem, a expectativa é de recuperação com 4,1%.

A forte contração econômica, a maior desde a Grande Depressão dos anos 1930, significará queda do PIB de 5% nas economias desenvolvidas. Um modesto crescimento de 3,4% é esperado para 2021, sem compensar a perda de produção.

Nas economias em desenvolvimento, a ONU prevê queda de 0,7% no PIB em 2020, e retomada de 5,3% no ano que vem. A China cresceria apenas 1,7% neste ano. Em 2021, a expansão seria de 7,6%.

Por sua vez, a projeção é de que economia brasileira sofrerá contração de 5,2% neste ano, comparada à alta de 1,7% estimada antes da pandemia. Para 2021, a ONU espera ligeira recuperação da economia brasileira, com crescimento de 2,6%, um pouco acima dos 2,3% previstos em janeiro.

Quase 90% da economia mundial tem estado sob alguma forma de confinamento, com perturbações nas cadeias de suprimento, o que deprime a demanda e joga milhões para fora do mercado de trabalho.

A ONU calcula que a pandemia empurrará mais 34,3 milhões de pessoas para a extrema pobreza neste ano, sendo 56% desse total em países africanos. Outros 130 milhões de pessoas viverão nessa situação até 2030.

Para enfrentar uma crise de saúde, econômica e social sem precedentes, governos em torno do mundo adotaram estímulos fiscais, equivalente a 10% do PIB, para combater a pandemia e minimizar os impactos. Mesmo assim, a ONU espera uma recuperação “lenta e dolorosa”.

No caso dos países em desenvolvimento, a avaliação é de que os pacotes fiscais, em média menor do que 1% do PIB, não são suficientes. Queda de exportações estão minando a sustentabilidade da dívida em várias economias.

Um levantamento de 36 organizações internacionais ilustra como a escala e severidade da covid-19 é sem precedentes. Para a ONU, trata-se de uma catástrofe, com impacto generalizado nas economias e na vida das pessoas.

No mercado de commodities, a Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) calcula que os preços chegam a ter queda maior do que na crise financeira global de 2008.

O Unctad Free Market Commodity Price Index (FMCPI), que mede os movimentos de preços das matérias-primas exportadas pelos países em desenvolvimento, caiu 1,2% de seu valor em janeiro, 8,5% em fevereiro e 20,4% em março.