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O Globo 

11/08/20 - Há mais de 160 candidatas a vacina contra o novo coronavírus. Menos de 15% estão em testes clínicos, uma meia dúzia na fase final que precede a aprovação. Por mais que várias pareçam promissoras, estima-se que apenas no primeiro semestre de 2021 estará disponível o primeiro imunizante para a Covid-19. Apesar disso, a corrida pelas futuras vacinas já começou. E, com ela, o debate sobre as estratégias de distribuição. A certeza de que as doses iniciais serão limitadas exige critérios sensatos.

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No Brasil, já se começa a errar de antemão. O Ministério da Saúde quer usar, contra a Covid-19, a ordem da vacinação usada contra a gripe. Para cientistas, trata-se de um equívoco, já que doenças diferentes requerem critérios distintos. Um exemplo: crianças, prioritárias no caso da gripe, não integram o grupo de maior risco para Covid-19. Se quiser deter a propagação do vírus, o governo precisa abandonar sua postura anticiência e ouvir os especialistas sobre a melhor estratégia de vacinação. A distribuição deve levar em conta os riscos de contágio. A Organização Mundial da Saúde (OMS) defende que, num primeiro momento, a prioridade seja dada aos 20% mais vulneráveis, como idosos, diabéticos, obesos ou hipertensos.

Uma estratégia bem pensada é essencial quando se sabe que a disputa entre os países fará das eventuais vacinas produtos escassos. Economias ricas já tomaram a dianteira. Nas últimas semanas, Estados Unidos, Reino Unido, Japão e União Europeia bloquearam mais de 1,3 bilhão de doses por meio de acordos com laboratórios.

Não é a primeira vez que isso acontece. Ocorreu na pandemia da gripe H1N1, em 2009. Agora mesmo, com o novo coronavírus, a disputa levou ao esgotamento os estoques de insumos para testes e equipamentos protetores.

O próprio Brasil já fez um acordo com a farmacêutica AstraZeneca — que desenvolve uma vacina em conjunto com a Universidade de Oxford —para transferência de tecnologia e produção de 100 milhões de doses até 2021.0 governo faz bem em empenhar recursos para instalações de produção da vacina, mas não há garantia de que ela funcionará. Seria melhor fazer apostas em paralelo, por meio do compartilhamento global de vacinas, como sugere a OMS.

Se o mundo quer de fato erradicar a Covid-19, a cooperação internacional precisa prevalecer sobre o lamentável “nacionalismo das vacinas”. Instituições multilaterais e organizações não governamentais estão envolvidas num esforço global para garantir uma distribuição mais equânime. Numa economia mundial devastada, não interessa a ninguém prolongar a pandemia.

Ainda há tempo para agir diferente.

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