O Globo
Para tentar conter o avanço da Covid-19 na Rússia, a capital do país começou a pôr em prática, nesta quinta-feira, uma série de novas restrições sanitárias, incluindo o fechamento de escolas, creches e restaurantes, e impôs uma semana de folga para a maioria das empresas e no serviço público.
Com a nova quarentena, a primeira desde junho de 2020, restaurantes, salões de beleza, lojas de roupas e móveis, academias, escolas de dança e outros serviços considerados não essenciais permanecerão fechados em Moscou até 7 de novembro. De acordo com o prefeito da capital, Sergey Sobyanin, apenas farmácias, mercados e lojas de artigos de primeira necessidade estão autorizados a abrir neste período.
As medidas restritivas na capital entraram em vigor no mesmo dia em que a Rússia registrou outro recorde de mortes e infecções. De acordo com números divulgados pelo governo, 1.159 pessoas morreram e 40.096 tiveram teste positivo para o coronavírus nas últimas 24 horas, os maiores números registrados desde o início da pandemia.
Apesar das medidas, os moradores de Moscou podem sair de suas casas, ao contrário da quarentena de junho de 2020, no começo da pandemia. Nesta quinta, no entanto, a maioria das ruas do centro de Moscou parecia pouco movimentada, enquanto as principais avenidas estavam congestionadas e o metrô lotado, relataram jornalistas da AFP.
Segundo o governo, o número total de mortos ultrapassou a marca dos 235 mil, o que torna a Rússia o país com mais óbitos por Covid-19 da Europa, à frente de nações como o Reino Unido, com 140 mil mortes, e Itália, com 132 mil.
A Agência Nacional de Estatísticas da Rússia, que faz um cálculo mais abrangente das mortes por Covid-19, registrou, no fim de agosto, um número de mortes superior a 400 mil.
A nova onda da epidemia é impulsionada pela variante Delta, mais contagiosa, pelo não uso de máscaras e o descumprimento das medidas de distanciamento, especialmente no transporte público e em lojas. Alem disso, a campanha de vacinação continua avançando lentamente devido à desconfiança dos russos das vacinas.
Ao todo, 36,7% da população do país receberam uma dose do imunizante, e só 33,2% foram vacinados com as duas doses. Os números continuam muito baixos, apesar de o país ter desenvolvido quatro vacinas, incluindo a Sputnik V.
O jornal Kommersant noticiou, também nesta quinta-feira, que o Kremlin planejava reformular a campanha de vacinação. A nova campanha seria mais voltada para as mais de 80 regiões da Rússia e teria um tom mais positivo do que a atual, que destaca o risco de morte para aqueles que se recusam a tomar a vacina,. A ideia é vincular a imunização à liberdade de estar isento de restrições.
O Kremlin, que reconheceu na semana passada o fracasso de sua campanha de vacinação, negou que planejasse relançar a campanha, mas confirmou que a estratégia estava sendo constantemente ajustada.
O presidente russo, Vladimir Putin, já havia anunciado uma quarentena em todo o país entre 30 de outubro e 7 de novembro, medida que tomou outras três vezes durante a pandemia. No entanto, por causa da falta de confinamento obrigatório, muitos russos planejam sair de férias. O resort do Mar Negro de Sochi, por exemplo, espera 100 mil visitantes, e as vendas de passagens aéreas para a Turquia e Egito explodiram nos últimos dias.
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