Valor Econômico
Jornalista: Raquel Brandão
21/09/20 - Depois de camisetas e máscaras com tecido anticovid, acaba de ser criado um saco de lixo capaz de atrair e inativar o vírus. O produto foi desenvolvido pela Embalixo e funciona com o um imã, em que a interação eletroestática atrai e rompe o envelope lipídico do vírus. Diferentemente do fio têxtil, o plástico não contém íons de prata e a empresa já estuda a possibilidade de seu uso na embalagem de alimentos, o que pode representar um novo negócio para a empresa dedicada à produção de sacos de lixo.
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A expectativa é que os produtos estejam disponíveis em supermercados de todo o país até o fim do mês. A empresa começou a pensar em uma solução contra o vírus ainda em fevereiro, quando as notícias da disseminação da doença no mundo começaram a ganhar tração. “Já estamos com bastante procura. Não só de varejistas, mas também de empresas que querem usar o plástico para revestir bancos de ônibus, empresas que alugam frotas de veículos e também companhias aéreas”, conta o diretor comercial da Embalixo, Rafael Costa.
De acordo com a empresa, a solução teve a eficácia comprovada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) por meio de um teste virucida. O primeiro lote produzido foi usado para confeccionar aventais, distribuídos para hospitais da região de Campinas e Hortolândia, onde a empresa tem uma de suas fábricas instaladas.
Segundo Costa, o plástico desenvolvido foi produzido no maquinário da unidade de Hortolândia (a outra instalação da empresa fica em Manaus-AM), que precisou ser adaptado por causa da complexidade da manutenção da matéria-prima, que exige temperatura controlada.
A unidade fabril no interior de São Paulo foi ampliada e renovada recentemente, com RS 10 milhões sendo investidos justamente no maquinário.
“Por causa da complexidade, o custo de produção é 80% superior ao do saco plástico comum e cerca de 20% acima dos produtos da linha premium, mas estamos colocando margem praticamente nula para ficar mais acessível", diz Costa. Ele ainda argumenta que o produto tem custo-benefício atrativo se considerada a possibilidade de reuso, uma vez que a proteção antiviral e antibacteriana é conservada durante todo o tempo de vida do plástico. “Pode ser usado para colocar casacos ou outras peças ao voltar da rua, por exemplo."
A principal vantagem da solução criada é eliminar a contam inação cruzada, informa a companhia. Mas o infectologista Alexandre Naime, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, afirma que o percentual de ajuda de tecidos ou plásticos que inativam o novo coronavírus para prevenir a contam inação é “bastante limitado". Esses produtos conseguem agir em uma parcela pequena da população exposta à transmissão por contato, de acordo com o infectologista.
“A maioria dos casos de transmissão, cerca de 80% a 90%, é por gotícula. Ou seja, por via respiratória. Não podemos dizer que não ajuda a evitar casos, mas o recomendado é sempre lavar as mãos com água e sabão ou usar o álcool em gel", diz Naime.
O plano da empresa é produzir 4 milhões de sacos anticovid em até dois anos. As embalagens disponíveis vão de sacos de 15 litros a até 100 litros.
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