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O sangue do paciente é depositado no Hilab, que está conectado à internet; resultado sai em 15 minutos - Imagem: Divulgação

por Lucas Gabriel Marins

Colaboração para o UOL, em Curitiba

Hoje em dia dá para pedir tudo por meio de aplicativos de celular, até mesmo exames de dengue, colesterol e HIV. Essa é a aposta da Hi Technologies, startup de Curitiba (PR) que oferece aos moradores da capital paranaense um "cardápio" de exames clínicos pelo smartphone.

O serviço é semelhante ao iFood, Rappi e outros do gênero. O usuário faz o download do aplicativo, chamado Hilab (disponível para Android e iOS), preenche um cadastro, escolhe o exame e define o horário desejado --que pode ser das 7h às 19h, de segunda a domingo.

Um profissional de saúde parceiro da empresa vai, então, até a casa da pessoa, levando um minilaboratório portátil, de 12 cm³, e faz a coleta do sangue. O material coletado é depositado no dispositivo eletrônico, que está conectado à internet, e uma cópia digital da reação química dele é enviada para a equipe da empresa.

"Entre 10 e 25 minutos após a coleta, o resultado é encaminhado para o paciente por SMS ou email", disse o CEO da startup, Marcus Figueredo. Ele diz que pretende levar o serviço para São Paulo assim que ele for "aprovado" na capital paranaense.

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Hilab é um minilaboratório de 12 cm cúbicos - Imagem: Divulgação

Preços menores que nos grandes laboratórios

Grandes laboratórios, como os do grupo Dasa e Fleury, também oferecem coleta de sangue em domicilio, mas o pedido é feito pelo site ou por telefone, e os resultados, dependendo do exame, não saem no mesmo dia. O grupo Fleury, segundo sua assessoria de imprensa, está desenvolvendo um aplicativo de agendamento, que deve ser lançado ainda este ano.

A Hi Technologies oferece 16 exames em domicílio, que custam entre R$ 13 e R$ 78,40. Entre eles, estão de colesterol e triglicerídeos (R$ 30), dengue (R$ 36,90), sífilis (R$ 10) e zika (R$ 58). O mais pedido é o de HIV (R$ 18) e os de hepatite. O do tipo C, por exemplo, custa R$ 78,40.

Os valores são mais em conta do que os cobrados por outros laboratórios que atendem em casa em Curitiba.

O exame de HIV do Frischmann Aisengart, do grupo Dasa, por exemplo, custa R$ 220, e o de hepatite C sai por R$ 125. Há ainda uma taxa de deslocamento,de R$ 30.

No laboratório a+ Medicina Diagnóstica, do grupo Fleury, o exame de HIV custa R$ 246 e o de hepatite C sai por R$ 136. Também há uma taxa de deslocamento, de R$ 30.

Profissional de saúde ganha comissão

Hoje, há 15 profissionais de saúde parceiros da empresa em Curitiba. São técnicos de enfermagem, enfermeiros, farmacêuticos e biomédicos. A empresa quer aumentar o número, segundo Figueredo.

O pagamento deles funciona por meio de comissão, que varia de 15% a 60% sobre os valores dos exames. Há também uma ajuda de custo por deslocamento —nesse caso, o valor é tratado direto com a empresa e depende da distância.

"A ideia, no entanto, é que o profissional não precise se deslocar muito e que seja um agente de saúde dentro de sua comunidade. É ele que determina no app a região em que quer atender", disse Figueredo.

Segundo o empresário, os profissionais recebem, em média, R$ 1.000 em comissão, caso consigam realizar pelo menos três exames por dia. O pagamento é feito todo mês. Ainda de acordo com ele, não há contrato empregatício, assim como na Uber. Alguns, segundo ele, têm outros trabalhos e usam o Hilab para aumentar a renda.

Para a empresa, os profissionais de saúde precisam pagar uma taxa mensal de R$ 200 pelo minilaboratório, mas, caso façam pelo menos dez exames por mês, não há necessidade de arcar com esse valor.

Especialista diz que descentralização do serviço é positiva

Para Luciano Castro, professor de Comportamento do Consumidor e coordenador técnico dos cursos de Gestão Comercial e Marketing Digital da ESIC Business Marketing School, de Curitiba, a startup paranaense segue uma tendência vista hoje em dia no mercado, que é a da descentralização dos serviços.

"A tecnologia está fazendo com que startups consigam oferecer produtos e serviços antes fornecidos apenas por grandes companhias, que detinham capital intelectual, financeiro e tecnológico. Isso é bom para o consumidor, que consegue preços melhores, e para as empresas, que vão investir cada vez mais em inovação por causa da competitividade."

Castro falou, no entanto, que empreendedores de tecnologia, principalmente os da área de saúde, precisam ficar atentos à legislação de cada setor. Segundo ele, há muitas barreiras jurídicas que precisam ser ultrapassadas e demandam tempo, como ocorreu com outras startups, a exemplo de Uber e Yellow.

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