Pacientes fazem, em média, três sessões de hemodiálise por semana para viver
A empresa Fresenius Medical Care, que tem 28 clínicas de hemodiálise no Brasil, sendo 13 no estado do Rio, e também produz insumos para a terapia que abastecem 450 unidades em todo o país, decidiu adesivar os caminhões para destacar a importância da carga e contratar escolta armada para tentar transportar o material de Jaguariúna, no interior de São Paulo, para o Rio de Janeiro e Belo Horizonte, dois estados em condições mais críticas de abastecimento, em função dos bloqueios nas estradas.
- Os estoques de insumos para hemodiálise estão no fim. Estamos remanejando de uma clínica para outra. Mas, por exemplo, na clínica de Botafogo, o material só vai dar até amanhã (sábado). Já começamos a racionar os insumos para conseguirmos chegar na segunda-feira. Estamos analisando paciente por paciente e reduzindo o tempo da hemodiálise de quatro para três horas. Não é o melhor, mas mantém o paciente vivo - relata a nefrologista Ana Beatriz Barra, gerente médica da Fresenius.
A médica explica que os pacientes precisam realizar a hemodiálise para viver, pois o tratamento substituiu a função do rim em pacientes com doenças crônicas no órgão.
- Passei o dia vendo pacientes preocupados, com lágrimas nos olhos, porque sabem que precisam desse tratamento para viver e sabem como se sentem quando estão por fazer a diálise. O tratamento já é muito difícil e você não ter para onde ir, não ter o que fazer é muito triste. O movimento de greve dos caminhoneiros não pode tratar todas as cargas da mesma maneira. Já solicitamos atenção a esse problema, mas não fomos atendidos - conta Ana Beatriz, que também já recorreu à Polícia Federal e à Polícia Rodoviária Federal. - Eles responderam que não têm condições de nos atender.
Segundo a médica, a Fresenius atende 67 mil dos 120 mil pacientes em hemodiálise no país.
style="display:block; text-align:center;" data-ad-layout="in-article" data-ad-format="fluid" data-ad-client="ca-pub-6652631670584205" data-ad-slot="1871484486">
Presidente da Associação dos Renais e Transplantados do Estado do Rio de Janeiro (Adreterj), Gilson Nascimento defende que o movimento de greve dos caminhoneiros abra brechas para carregamentos de medicamentos e insumos de saúde:
- As pessoas vão morrer. As clínicas de hemodiálise menores estão pegando insumos emprestados com as maiores, que têm mais espaço para armazenar o material, que é volumoso. Mas isso não é solução, até porque mesmo as clínicas maiores já estão ficando sem estoque.
A Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) divulgou nota pedindo às lideranças do movimento grevista dos caminheiros que cargas de gases medicinais (como oxigênio, por exemplo), medicamentos e outros insumos essenciais sejam liberadas do embargo estabelecido. Segundo a entidade, os hospitais associados e parceiros comerciais “começam a detectar uma queda substancial dos estoques e uma iminente falta de insumos nas instituições de saúde, que pode ameaçar o bem-estar e a vida dos pacientes atendidos”.
“Reconhecemos o direito de greve garantido pela Constituição Federal, porém entendemos que o direito a saúde e a vida, assim como o dever das instituições hospitalares de prestarem atendimento deve prevalecer”, afirmou a Anahp, em nota.
Fonte Extra Globo
Comentários