EMS eleva aposta em prescrição médica

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Tradicionalmente lembrada por sua atuação no mercado de genéricos, a EMS, maior farmacêutica do Brasil, já gera a maior parte de suas receitas em outro segmento, o de medicamentos vendidos sob prescrição médica. Desde o ano passado, essa unidade passou a ter a maior representatividade nos negócios e deve avançar algumas casas diante do robusto plano de investimentos para esse mercado. Somente em 2019, serão aportados R$ 500 milhões em seis lançamentos, ampliação da força de vendas e promoção do portfólio.


“A EMS se fortaleceu com o faturamento de genéricos, mas há cinco anos começou a incrementar os investimentos na área de prescrição, que existe desde a década de 90”, conta o diretor dessa unidade de negócios da farmacêutica, Joaquim Alves. No ano passado, a área de prescrição médica faturou R$ 1,6 bilhão, ou 40% da receita consolidada da EMS, segundo dados da IQVIA, que audita as vendas do setor em todo o mundo, à frente dos 33% de participação dos genéricos. Em relação a 2017, a expansão das vendas nessa unidade foi de 12%, acima dos 9% do mercado.

Se antes o foco da unidade de prescrição estava em medicamentos similares, nos últimos anos a EMS voltou sua atenção à inovação incremental e se concentrou no desenvolvimento de produtos que não são cópias, e portanto exigem estudos clínicos. Atualmente, 60% do portfólio é de similares e 40% de medicamentos que resultaram de alguma inovação.

O nível de investimentos da farmacêutica em prescrição médica tende a se manter elevado nos próximos anos. Neste momento, a EMS tem 14 estudos clínicos em andamento e outros 20 em fase de preparação regulatória, que devem ser executados nos próximos cinco anos. Nesse intervalo, os lançamentos poderão gerar uma receita adicional de R$ 3 bilhões.

Além disso, o laboratório de prepara para colocar no mercado brasileiro aquele que deve ser o seu novo campeão de vendas (ou “blockbuster”, no jargão farmacêutico), com faturamento de R$ 200 milhões já no segundo ano após o lançamento. Resultado de um contrato de licenciamento firmado há quatro anos com uma das maiores farmacêuticas americanas, cujo nome ainda é mantido sob sigilo, o novo medicamento, um anti-inflamatório, será o primeiro produto em nanotecnologia no segmento de cuidados primários no país.

O produto está em fase final de aprovação na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Hoje, os campeões de venda da farmacêutica brasileira são o Toragesic (anti-inflamatório) e o Patz SL (indutor do sono), com vendas anuais de R$ 170 milhões cada um.

Olhando para os investimentos previstos para 2019, diz o executivo, a área de propaganda médica receberá R$ 200 milhões com vistas à ampliação da força de vendas, cujo efetivo praticamente triplicou. Para divulgar lançamentos, os investimentos promocionais chegarão a R$ 200 milhões, o maior já executado na área pela farmacêutica. Outros R$ 100 milhões irão para pesquisa e desenvolvimento.

Já os lançamentos cobrirão as cinco grandes áreas de negócios da unidade: cardiologia, neurociência, osteomuscular, clínica médica (que compreende os antibióticos, por exemplo) e saúde masculina e feminina. A primeira área é a que hoje gera o maior faturamento mas, no geral, observa o executivo, as franquias têm vendas bastante equilibradas.

A EMS tem capacidade suficiente para fazer a expansão de portfólio. Nos últimos cinco anos, investiu mais de R$ 800 milhões em operações fabris e, hoje, conta com quatro fábricas – Manaus (AM), Hortolândia (SP), Jaguariúna (SP) e Brasília (DF) -, que juntas podem produzir 1 bilhão de unidades (caixas) de medicamento por ano. Em 2019, a produção deve ficar em torno de 800 milhões de unidades. Além disso, diferentemente dos genéricos, os produtos de prescrição médica não têm grande escala de produção. No total, essa área representa apenas 7% do volume. “São produtos de alto valor agregado, com diferencial competitivo”, afirma o executivo.

A desaceleração da economia local, segundo o diretor, não afetou os negócios neste ano. “O mercado farmacêutico depende muito da quantidade de pacientes que aderem ao tratamento”, observa.

Fonte: Valor

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