A falta de informação sobre os sintomas e a subutilização do exame de espirometria (testes de sopro) são alguns dos principais fatores que dificultam o diagnóstico da doença - Divulgação
Causada pelo tabagismo e pela exposição a poluentes, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) será a terceira causa de morte no mundo em 2020
A Crítca
Barbara Gaspar
Os desafios das doenças respiratórias vão além da dificuldade do diagnóstico e a banalização dos sintomas, frequentemente deixados de lado. Tosse e fadiga são os principais indícios de que algo não vai bem com o sistema respiratório, porém, muitas vezes, os pacientes demoram para procurar ajuda médica. Antes de se consultar com um especialista, é comum que as pessoas busquem receitas caseiras e recorram à automedicação, acreditando que o problema não seja grave. Ao contrário do que se imagina, pacientes com doenças respiratórias crônicas não precisam conviver com os sintomas, já que com o tratamento correto e acompanhamento médico, é possível conviver bem com a condição. A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, também conhecida como DPOC, é um dos exemplos desse tipo de doença. Ela é caracterizada pela dificuldade da passagem de ar para os pulmões e pode ser manifestada como bronquite, uma inflamação das vias respiratórias, e/ou enfisema pulmonar, que diminui a elasticidade dos pulmões e provoca a destruição de partes dos pulmões.
Um estudo realizado nos Estados Unidosi, com mais de 13 mil pacientes com DPOC, mostrou que 64% deles sentem que a doença tem impacto negativo na sua qualidade de vida. Os resultados também ressaltam que 76% dos pacientes fizeram teste do sopro e que apenas metade deles usavam pelo menos uma medicação para a DPOC. No Brasil, os dados sobre o conhecimento da doença também são alarmantes. Segundo a pesquisa "Panorama da Saúde do Brasileiro", encomendada pela Boehringer Ingelheim para o IBOPE Inteligência, pouco mais da metade dos brasileiros não sabe nada sobre a DPOC, embora seja uma doença comum e que afeta mais de 7 milhões de pessoas só no Brasil.
style="display:block" data-ad-format="autorelaxed" data-ad-client="ca-pub-6652631670584205" data-ad-slot="7514086806">A DPOC tem como principais sintomas a dificuldade para respirar e o cansaço constante, que podem limitar as atividades do cotidiano do paciente. É comum que pacientes com DPOC despertem algumas vezes durante a noite, porque a condição dos pulmões exige um aumento do seu esforço respiratório. Durante o sono, o metabolismo fica mais lento, causando algumas oscilações na respiração, que não costumam fazer com que pessoas saudáveis acordem, mas, no caso dos pacientes com doenças respiratórias crônicas, essas alterações no fluxo de ar podem provocar tosse e falta de ar durante a noitev. "Muitos pacientes procuram o médico apenas quando começam a ter muitos problemas ao dormir, como despertares e insônia. Uma das queixas mais frequentes é da sensação de cansaço. Por isso, a redução da qualidade de sono está atrelada à baixa qualidade de vida dos pacientes com doenças pulmonares crônicas. Em pacientes especificamente com DPOC, a queda da oxigenação durante o sono pode levar a arritmias cardíacas e ao infarto do coração", reforça o Dr. José Roberto Megda Filho, Pneumologista e Médico do Sono da Residência de Clínica Médica do Hospital Universitário de Taubaté e membro das Sociedades Brasileira e Europeia de Pneumologia.
O Dr. Megda ressalta a importância do acompanhamento da evolução das doenças crônicas: "Além de um tratamento medicamentoso contínuo, também costumo recomendar a prática de exercícios físicos, para estimular a respiração e melhorar a disposição e o condicionamento do paciente. Em alguns casos, também precisamos implementar o uso do oxigênio durante a noite e/ou durante dos exercícios".
Causada pelo tabagismo e pela exposição a poluentes, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) será a terceira causa de morte no mundo em 2020. A falta de informação sobre os sintomas e a subutilização do exame de espirometria (testes de sopro) são alguns dos principais fatores que dificultam o diagnóstico da doença. "Por ser mais observada em pessoas na terceira idade, é comum que a população não dê a atenção devida quando os primeiros sinais aparecem, como tosse e cansaço constantes. Geralmente, os pacientes acreditam que esses sintomas fazem parte do processo de envelhecimento e acham que são consequências naturais do estilo de vida, como sedentarismo e tabagismo e, por isso, demoram em procurar ajuda especializada", explica o Dr. José Megda.
Segundo o GOLD (Iniciativa Global para DPOC), existem 5 sinais que podem ajudar os pacientes a identificar a doença: ter mais de 40 anos, ser fumante ou ex-fumante, ter tosse e catarro constante e sentir cansaço ao fazer esforço. Ao detectar esses sinais, as pessoas devem procurar um pneumologista. Apesar de ser uma doença grave e sem cura, existem medicamentos que são capazes de estabilizar o progresso da doença e controlar os sintomas, aumentando a qualidade de vida dos pacientes. Um deles é o tiotrópio, princípio ativo que é superior na redução do risco de exacerbações moderadas a graves da DPOC, capaz de diminuir em 16% o risco de mortalidade dos pacientes.
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