Mauro Luiz de Britto Ribeiro, presidente do Conselho Federal de Medicina | Foto: Divulgação
O Globo
Jornalista: Paula Ferreira
Como o senhor responde às acusações da CPI?
Mauro Ribeiro - Mantenho firmes minhas convicções em favor da autonomia do médico e do paciente, princípio milenar hipocrático que é pilar da prática da medicina, o qual foi subjugado pela CPI e deve ser defendido, hoje e sempre, sob qualquer circunstância. A narrativa falaciosa adotada pela CPI da pandemia ao longo de sua existência ficou evidente em seu relatório final, transformando o resultado da Comissão num palco midiático para projeções políticas e ideológicas. Oportunamente, os membros da CPI optaram por calar os médicos brasileiros, ignorando o nosso apelo. Ressalto que, como parte do Estado, nossa instituição não possui vínculos ideológicos, políticos e partidários.
Na reunião da Conitec sobre o parecer que rejeitava o uso do kit Covid, só o CFM, além do governo, votou contra. Por quê?
Mauro Ribeiro – O voto é coerente com o que o CFM defende em relação à autonomia do médico. Os debates e votação em torno do relatório da Conitec não se reduziram à aprovação ou desaprovação de uma abordagem terapêutica, mas à avaliação do conjunto das evidências científicas sobre o tema que foi apresentado àquela comissão. O parecer foi elaborado a partir de critérios adotados internacionalmente, podendo ser considerado uma nota técnica com relevantes informações. No entanto, com base nas evidências científicas apresentadas, entendeu-se que o documento carecia de uma maior objetividade e clareza, fundamentais para orientar a decisão clínica.
Por que o CFM não reviu seu parecer sobre a cloroquina?
Mauro Ribeiro - O CFM reitera que não apoia e nunca recomendou ouso de qualquer droga para tratamento de pacientes com Covid-19. O CFEM se manifesta em favor do respeito à autonomia médica durante o período de pandemia.
Médicos têm visto com maus olhos a atuação do CFM por considerarem que são decisões contrárias à ciência. Como avalia as críticas?
Mauro Ribeiro - Não concordamos. Nossa prática diária mostra o contrário. Temos recebido centenas de milhares de manifestações de médicos e de entidades com apoio à postura adotada pelo CFM em defesa da autonomia médica. Essa solidariedade não se limita a grupos e lideranças. Recentemente, pesquisa realizada pelo Instituto Checon mostrou que a ampla maioria dos médicos brasileiros concorda com a defesa que o CFM faz da autonomia (médica).
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