O Estado de S.Paulo
por Luciana Garbin
08/01/20 - Uma pesquisa sobre DNA de plantas e fungos antárticos é a primeira feita na nova estação brasileira. Realizada pelos professores Paulo Câmara, da Universidade de Brasília, e Luiz Henrique Rosa, da Universidade Federal de Minas Gerais, ela terá seus resultados apresentados na inauguração, terça-feira.
Um dos propósitos do estudo foi testar os novos laboratórios da estação. “A gente fazia a pesquisa e, ao mesmo tempo, testava equipamentos, via se a energia não caía, se as tomadas estavam adaptadas”, diz Câmara.
Segundo o professor, a estrutura da nova estação possibilitou um salto grande na pesquisa, porque permite já extrair o DNA na Antártida e só sequenciá-lo no Brasil. “Antes só era possível fazer o trabalho na universidade meses depois e muitas vezes o DNA se perdia ao longo do caminho, porque o navio demora para chegar. Agora a gente já pode estabilizar o DNA na Antártida e só tem de levá-lo num tubinho pequenininho para o Brasil para sequenciá-lo.”
Luiz Henrique Rosa conta que um de seus grandes interesses na Antártida são fungos que produzem antibióticos. Após isolá-los e cultivá-los em placas, o professor extrai as substâncias que eles produzem e as testa contra causadores de dengue, doença de Chagas e outros males tropicais.
Outro foco das pesquisas são substâncias que possam ser usadas como pesticidas e herbicidas na agricultura. “Como microorganismos da Antártida estão isolados geograficamente há muito tempo, eles podem ter linhagens selvagens que podem produzir substâncias muito úteis como remédios.”

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