Estudo liga alguns remédios antidepressivos a casos de demência Foram estudados 56 anticolinérgicos, tipo de medicamento usado no controle de espasmos e outros movimentos musculares involuntários
Um estudo realizado com idosos no Reino Unido concluiu que o uso prolongado de medicamentos anticolinérgicos, o que inclui remédios contra depressão, epilepsia e Parkinson, podem influenciar casos de demência.
A pesquisa, financiada pelo instituto de pesquisas médicas do Reino Unido e encabeçado por pesquisadores da Universidade de Nottingham, analisou cerca de 283 mil pessoas, das quais cerca de 20% tinham demência.
Foram estudados 56 anticolinérgicos, tipo de medicamento usado no controle de espasmos e outros movimentos musculares involuntários. Esses remédios agem em um neurotransmissor específico, a acetilcolina, que o cérebro usa para contrair músculos do pulmão, dos tratos digestivo e urinário e de outras partes do corpo. Os medicamentos ajudam, assim, a controlar o funcionamento desses sistemas.
Mas, segundo a pesquisa britânica, pacientes que tomam ao menos uma dose diária minimamente efetiva de anticolinérgicos forte, durante três anos, têm 50% mais chance de desenvolver uma demência, mesmo se consideradas questões como idade, sexo e hábitos como fumar e ingerir bebidas alcoólicas. A relação fica ainda maior em pessoas diagnosticadas com menos de 80 anos.
Os pesquisadores não dizem que se deve parar com o uso desse tipo de droga, mas que seus efeitos devem ser avaliados com maior cuidado antes da prescrição. Também não é todo medicamento que teria relação com a demência. O estudo listou os seguintes remédios, que teriam ligação com a doença: antidepressivos como amitriptilina, paroxetina, cloridrato de nortriptilina e doxepina; antiepiléticos como carbamazepina e oxcarbazepina; antipsicóticos como quetiapina, olanzapina, clorpromazina e perfenazina; medicamentos contra Parkinson como benztropina, orfenadrina e triexifenidil; e remédios para o controle da bexiga que incluem darifenacina, fesoterodina, oxibutinina e tolterodina.
E alguns anticolinérgicos estudados não mostraram relação com a demência. É o caso de: anti-histamínicos como difenidramina e hidroxizina; antiespasmódicos gastrointestinais como diciclomina e hioscina propantelina; broncodilatadores antimuscarínicos como o ipratrópio; antiarrítmicos como a disopiramida; relaxantes musculares esqueléticos como tizanidina e metocarbamol.
Há, claro, que se considerar que algumas condições tratadas com anticolinérgicos têm, elas próprias, uma ligação com a demência — como é o caso de da depressão. Então nem sempre é fácil concluir se a demência foi causada pelo medicamento, pela condição que ele trata ou mesmo por uma combinação dos dois. Ainda assim, pesquisadores teorizam que até 10% dos casos da doença estariam ligados ao uso da droga, o que a colocaria entre os maiores fatores de risco para a demência. A lista ainda inclui fumar (14%), sedentarismo (6,5%), hipertensão (5%) e diabetes (3%).
Fonte: Jornal da Manhã
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