Por Françoise Terzian | Valor Economico
O setor de saúde tem se movimentado rapidamente rumo à adoção das chamadas tecnologias digitais. Em dois anos, 93% dos médicos dos EUA usarão registros médicos eletrônicos — 30% a mais que há dois anos. E isso não é tudo. Cerca de 97% deles terão acesso eletrônico aos protocolos de tratamento, mais que o dobro da taxa de 2011, de acordo com pesquisa conduzida pela Bain & Company.
Não são só os clientes das farmacêuticas que estão mudando. As ferramentas e os dados digitais também estão transformando a indústria farmacêutica, permitindo com que ela atue de forma mais rápida, barata e eficiente no desenvolvimento e na pesquisa de drogas ao mesmo tempo em que traz benefícios às áreas de produção e comercialização.
De acordo com Kai Gras, gerente-sênior de saúde na Bain&Company no Brasil, a indústria farmacêutica está assumindo novos e inovadores papéis e, mais do que isso, disruptivos. Se antes, o médico tomava as decisões sozinho, hoje ele segue protocolos antes de decidir. Não por acaso, muitas empresas do setor agora contam com um chief digital officer em sua alta cúpula de diretores. “O consumidor, por exemplo, tem se adaptado ao canal digital para se informar e isso vai explodir nos próximos anos”, conta Gras.
Dados do mundo real já deram início a uma disrupção, por exemplo, na abordagem como o reembolso médico é conduzido, exigindo novas evidências além dos exames de laboratório.
No futuro, apenas as empresas que fazem uso de dados do mundo real para demonstrar resultados superiores para novos medicamentos irão gerar retornos atraentes. Muitas empresas começaram a usar ferramentas digitais em partes do negócio. A Novartis, por exemplo, está investindo em empresas de saúde digital em estágio inicial. Isso ocorre em parceria com a Qualcomm Ventures.
E também se associou com o Walgreens para recrutar participantes em ensaios clínicos de uma base de dados de 100 milhões de clientes da rede de farmácias.
Agora, o ritmo da mudança está se acelerando. O investimento em saúde digital quadruplicou nos últimos quatro anos, atingindo mais de US$ 5 bilhões em 2014. A IBM e Apple, por sua vez, aderiram à corrida com projetos destinados a criar bancos de dados de saúde que visem reunir dados para a cura.
Nos próximos cinco anos, a maioria dos provedores de saúde dos Estados Unidos terá migrado suas estratégias para o digital, a exemplo das farmacêuticas. De forma geral, novas ferramentas clínicas e práticas estão sendo adicionadas rapidamente, tendência que deve continuar. Dentre as apostas do mercado, destaque para os investimentos em telemedicina, iniciativas de transparência, monitoramento remoto de paciente, análise preditiva, dados comparativos com real eficiência, programas de saúde e bem-estar acesso eletrônico a protocolos de tratamento e dados médicos, dentre outras iniciativas.
Criar uma estratégia digital abrangente não é tarefa fácil em meio a todo barulho em torno do tema “transformação digital”. Algumas empresas se sentem sobrecarregadas e paralisadas pelo desafio. Outras correm rapidamente contra o tempo e sem estabelecer prioridades. Em uma empresa farmacêutica global, a Bain&Company encontrou mais de 2000 projetos digitais e 2.000 sites relacionados, muitos dos quais não tinham a necessária coordenação. A equipe de liderança não tinha visão geral das atividades e, como resultado, obteve poucos benefícios.
Post de 05/05/2022, repost em 09/04/2024
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