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Medicamento combina drogas modernas e teve sua aprovação para comercialização nos Estados Unidos (Foto: PixabayCreative Commons CC0 )

Medicamento 'Juluca' combina dois antirretrovirais da nova leva. Drogas foram adotadas recentemente por possuírem menos efeitos colaterais.

Por Monique Oliveira, G1

Os Estados Unidos aprovaram um novo medicamento que impede a ação do HIV-1 no organismo. Trata-se de uma combinação entre outros antirretrovirais já existentes no mercado: o dolutegravir e a rilpivirina. Entre os medicamentos da nova geração, o Juluca, como é conhecido comercialmente, é o primeiro a combinar dois compostos.

Infectologistas brasileiros comemoraram a aprovação -- que aumenta a adesão ao tratamento (já que lembrar de uma só droga é mais simples). Uma outra vantagem da terapia é a diminuição de toxicidade dos medicamentos existentes.

"Depois do tratamento mais eficiente de nova geração, esse é o primeiro com somente duas drogas", diz Esper Kallás, infectologista e professor da Faculdade de Medicina da USP.

A nova geração de antirretrovirais tem como principal característica o fato de possuírem menos efeitos colaterais que tratamentos mais antigos -- como o efavirenz, que piorava sintomas de pacientes psiquiátricos. No entanto, não havia até agora uma única pílula que combinasse os compostos mais recentes.

"A ciência tem tentado combinações para um menor número de drogas, com menor toxicidade para esquemas de manutenção do tratamento", diz Jamal Suleiman, infectologista do Emílio Ribas, hospital de referência em São Paulo. "E é isso que esse medicamento faz".

O medicamento aprovado nesta terça-feira (21) deve ser utilizado em pacientes com supressão do vírus ao menos por seis meses (ou seja, que estivessem usando outros tratamentos). Também ele não deve ser administrado em indivíduos que já apresentaram resistência a alguns dos componentes da nova droga.

A ideia é que o paciente comece a tomar a medicação de referência mais comum (como o dolutegravir ou o efavirenz) e que só depois comece a usar o Juluca para manter o que os outros medicamentos já conseguiram: ou seja, manter a carga viral a mais baixa possível.

A indicação é consistente com os estudos clínicos apresentados ao FDA (órgão norte-americano similar à Anvisa), que aprovou o composto. Segundo o órgão, a eficácia do Juluca foi testada em dois ensaios clínicos com 1024 participantes, que foram divididos aleatoriamente: parte tomou o Juluca; e a outra continuou com o tratamento prévio. Os resultados mostraram que a droga foi eficaz em manter o vírus suprimido tanto quanto a terapia de referência.

"Por enquanto, é um medicamento de manutenção, com base nesses estudos que o FDA analisou", diz Suleiman. "Então, será necessário começar o tratamento com outros medicamentos. E aí, quando a carga estiver indectável, começar a usar essa nova droga."

Jamal Suleiman, que trabalha com pacientes portadores há 34 anos, diz que espera que a droga chegue ao Brasil -- como também chegaram o dolutegravir (antirretroviral da nova geração) e o truvada (medicamento também usado para a prevenção do HIV).

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"Quanto mais oferecermos nesse cardápio, melhor. As pessoas são muito diferentes", diz.

Ainda, o infectologista salienta ser imprescindível diminuir a quantidade de medicamentos, principalmente em pacientes que ficam mais velhos. "Eles já vão ter que tomar muitos medicamentos, para além dos antirretrovirais", diz.

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A nova droga contém o dolutegravir, já disponível no SUS (Foto: Divulgação)

Junção de drogas mais novas

A principal vantagem do novo medicamento, assim, é a junção de outros dois componentes de drogas mais modernas, o que diminui a toxicidade e contribui para maior adesão ao tratamento.

"Quanto menos você mexer na rotina do sujeito, é melhor", diz Suleiman. "Estamos caminhando para um momento que será possível uma injeção por mês".

A junção de drogas anti-HIV não é uma novidade. Outras drogas, como o ATRIPLA (junção de efavirenz, emtricitabina e tenofovir) já foram inseridas no mercado e adotada no mundo inteiro -- inclusive no SUS (que utiliza uma variação do composto).

Esse medicamento, no entanto, foi associado a efeitos colaterais como alucinações e pesadelos, o que levou o Ministério da Saúde a adotar o dolutegravir. Com isso, alguns pacientes passaram a associar o dolutegravir combinado com outras drogas ao invés de tomar um único medicamento.

Desde a introdução de drogas mais modernas, assim, o mercado ficou carente de uma nova pílula que fizesse a junção desses compostos mais modernos.

O Juluca é produzido pela ViiHealth Healthcare, empresa estabelecida em um consórcio com duas grandes da indústria: a Pfizer e a GSK. A ViiHealth é especializada em produção e pesquisa de novas opções para o tratamento do HIV.

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