Uma funcinária da empresa farmacêutica britânica GlaxoSmithKline entra na sede do escritório em Xangai no dia 1º de julho (Peter Parks / AFP / Getty Images)
Por Reuters
ZURIQUE – Os Estados Unidos solicitam que a Suíça extradite um pesquisador chinês acusado de ajudar sua irmã cientista a roubar segredos no valor de US$ 550 milhões da farmacêutica GlaxoSmithKline, conforme documentos suíços divulgados no dia 8 de julho.
Gongda Xue, que está lutando contra a extradição, foi rotulado como um potencial risco de fuga, de acordo com um veredicto do Tribunal Penal Federal Suíço, mantendo-o sob custódia até a resolução do pedido de extradição.
As alegações dos Estados Unidos contra Gongda Xue, de 49 anos, ressaltam os temores globais de que a China esteja usando redes de nacionais altamente treinados no exterior para contrabandear segredos comerciais para a segunda maior economia do mundo.
No ano passado, promotores na Alemanha acusaram um engenheiro nascido na China de espionagem industrial em conexão com segredos roubados da fabricante de produtos químicos Lanxess.
Gongda Xue, um cientista da área de Basileia que trabalhou no Instituto Friedrich Miescher de Pesquisa Biomédica da Suíça, até 2014, é irmão de Yu “Joyce” Xue, um cientista sino-americano que em agosto passado se declarou culpado no Tribunal Distrital dos Estados Unidos, na Pensilvânia, por roubar segredos da britânica GlaxoSmithKline (GSK).
De acordo com a acusação dos Estados Unidos, Gongda Xue recebeu segredos da GSK roubados da sua irmã, realizou testes nas instalações da Miescher e enviou resultados para cúmplices na China. As informações roubadas, alegam os promotores, envolviam anticorpos que se ligam a células tumorais e as matam.
“Gongda Xue conscientemente recebeu e se apossou de um segredo comercial pertencente à GSK … sabendo que ele havia sido roubado … com a intenção de converter esse segredo comercial … para o benefício econômico de alguém que não a GSK, seu proprietário”, segundo uma acusação dos Estados Unidos.
A GSK disse que estava cooperando com as autoridades dos Estados Unidos.
Xue, residente suíço há 18 anos, foi preso em maio na Suíça e foi mantido sob custódia enquanto as autoridades consideram o pedido dos Estados Unidos, segundo documentos.
“Ele enfrentará 20 anos de prisão se for condenado”, escreveu o tribunal suíço ao rejeitar sua libertação. “Afirmamos um risco de fuga.”
Seu advogado suíço se recusou a comentar.
Yu Xue, sua irmã bioquímica de 48 anos que trabalhou na Glaxo, na Pensilvânia, até 2016, aguarda julgamento no caso em que uma testemunha do governo dos Estados Unidos estima que os segredos roubados valem mais de US$ 550 milhões.
No total, há seis co-réus, incluindo a irmã gêmea de Yu Xue, Tian Xue, que também se declarou culpada no ano passado por acusações relacionadas a lavagem de dinheiro.
Advogados do governo dos Estados Unidos alegam que o esquema incluiu o estabelecimento de uma empresa estatal chinesa, a Renopharma, que confiava no roubo para contornar a pesquisa dispendiosa que sustenta o desenvolvimento de medicamentos.
“A GSK investiu mais de vinte anos de trabalho e centenas de milhões de dólares”, escreveram os promotores norte-americanos. “Ao roubar essas plataformas, a Renopharma evitou a necessidade de passar pelo mesmo tempo e custo.”
Os promotores classificaram o caso como “guerra econômica”, acrescentando que o grupo tinha motivos de lucro e esperava vender a Renopharma por até US$ 2,2 bilhões.
O Instituto Friedrich Miescher, da Suíça, que ajudou a desenvolver compostos para o câncer, como Afinitor, da Novartis, confirmou que Gonda Xue era uma funcionária de pós-doutorado, acrescentando que o instituto não a acusou de irregularidades.
“Estamos cooperando com as autoridades americanas”, disse uma porta-voz do instituto.
O regime chinês tem como alvo setores de alta tecnologia que vão desde produtos farmacêuticos até novos veículos de energia para desenvolvimento agressivo, parte de seus planos industriais para se tornar uma superpotência de tecnologia.
Desde então, casos de espionagem econômica de atores chineses surgiram um após o outro.
O FBI, em particular, concentrou-se em investigar programas estrangeiros de recrutamento de talentos que visam nacionais que trabalham e estudam no exterior. O programa Mil de Talentos da China tem estado sob escrutínio, pois tem como alvo profissionais de ciência e tecnologia – muitos deles de etnia chinesa – com lucrativos pacotes financeiros para trabalhar na China.
Por John Miller O Epoch Times contribuiu para este relatório.
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