by Geraldo Samor | Brazil Journal
A IGF Wealth Management – que administra R$ 2 bilhões de três ex-sócios do Banco Garantia – está comprando da Coty uma participação de 3,6% na Wella Company, dona das marcas Wella, Clairol, Nioxin e Sebastian, dominantes nos salões de beleza.
Numa transação privada vultosa para um multifamily office brasileiro, a IGF está pagando US$ 150 milhões (R$ 720 milhões) pela participação e se tornando sócia do KKR, que controla a Wella com 74% do capital. A Coty continua com os 22,3% restantes.
A IGF terá direitos de tag e drag along com o KKR. A transação avalia a Wella em US$ 4,2 bilhões, ou 13,5x EV/EBITDA de 2023. Para efeito de comparação, a P&G negocia a 17x, a Unilever a 12,7x, e a L’Oréal, a 22x. A mediana do setor de beleza mundial negocia a 15,7x.
A transação marca a primeira vez que a IGF aceitou recursos que não fossem de seus fundadores: três outras famílias brasileiras co-investiram no club deal.
Liderada por Fabio Mattos, que também começou sua carreira no Garantia, a IGF dedica 90% de seu tempo a analisar companhias globais, fora do Brasil.
A empresa acompanha o setor de consumo há pelo menos 15 anos: já foi um grande investidor na Kraft Heinz e carregou por muito tempo nomes como Constellation Brands, Anheuser-Busch InBev e Waldencast. Mas seu foco vai além de marcas de consumo e inclui empresas globais de software.
No Brasil, a IGF é acionista da Avenue, a corretora de Roberto Lee cujo controle foi comprado pelo Itaú Unibanco, e investiu numa nota conversível do C6 Bank, monetizando seu investimento com um retorno de mais de 40% quando o JP Morgan investiu no banco.
Fabio disse ao Brazil Journal que espera um evento de liquidez na Wella nos próximos 18 a 24 meses. “Um IPO é o caminho mais provável, mas não dá pra descartar a venda para um estratégico,” disse o gestor, que lidera a IGF com Alexandre Delgado, o head de análise, e Claudius Drewanz, o COO.
A Coty vendeu 60% da Wella ao KKR em dezembro de 2020 por US$ 2,5 bilhões. Na época, a favorita para levar o negócio era a Henkel – a multinacional alemã dona da Schwarzkopf, uma marca concorrente da Wella nos salões – mas a pandemia impediu que os alemães concretizassem o negócio.
Menos de um ano depois, em outubro de 2021, o KKR comprou mais 14% – desta vez a um valuation 50% maior.
Logo após tomar o controle da empresa, o KKR recrutou como CEO Annie Young-Scrivner, uma executiva nascida na China e criada nos EUA que trabalhou 20 anos na Pepsico, foi CMO do Starbucks e estava há três anos como CEO da Godiva, a fabricante de chocolates.
Numa entrevista recente, Annie disse que os investidores “estão vendo que a mesma coisa que aconteceu com o skin care está acontecendo agora com hair care. Não é apenas um momento, é uma transição. À medida que o consumidor entender melhor [cuidados com os cabelos], ele vai comprar produtos de mais qualidade e mais profissionais. A Wella tem 1.000 patentes e mais de 300 cientistas, mas não falamos sobre isso. Precisamos alavancar nossos pontos fortes e não ter medo de destacar isso. Wall Street precisa ver o potencial de crescimento da Wella.”
A Coty está usando o desinvestimento da Wella para reduzir sua alavancagem de 4x no final de 2022 para 3,3x até o final deste ano. Desde o spinoff da Wella, a ação da Coty – que negociava na mínima histórica – já multiplicou por 4.
A empresa agora vale US$ 10,4 bi na Bolsa de Nova York.
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